Já é de praxe vermos a direita rosnar histérica após um bom protesto chamado pela esquerda. Seja em defesa das pobres vidraças do banco Itaú, ou denunciando uma covarde agressão à polícia que mais mata no mundo, é certo que a direita, após uma manifestação onde o povo mostra a verdadeira face do seu ódio contra o regime burguês, vai estar nos grandes veículos de imprensa atacando a multidão com dizeres como: vândalos, vagabundos, agressores e entre outros adjetivos pejorativos de uso tradicional da direita.
Que esses são os métodos e a política da direita não é surpresa para ninguém, mas não seria estranho ver a esquerda tendo a mesma política? Mesmo sabendo que os tais “baderneiros” nada mais são do que o mesmo povo que ela convocou para as ruas, radicalizado contra a ordem vigente?
Isso é de fato bizarro, mas claramente não é impossível, já que está acontecendo agora nos bastidores do movimento Fora Bolsonaro que está nas ruas. Vemos um setor dessa esquerda, através de elementos rebaixados, como o Sr. Renato Rovai, atacando o PCO, partido de vanguarda e que canaliza essa revolta popular, com uma virulência característica dos porta-vozes da direita nacional. Rovai acusa os militantes do partido de serem vagabundos, agressores, ladrões… e vândalos! Uma obediência perfeita à cartilha tradicional do partido da imprensa golpista. É de se tirar o chapéu para os adestradores da burguesia por fazerem um trabalho tão bem feito de treinar os seus animais de estimação!
O ataque ao PCO por si só já é simbólico, mas ao vermos que atacam os militantes do partido como se fossem marginais de rua, vemos a aversão do pequeno-burguês àquilo que pertence à classe operária. Uma conduta policialesca e direitista dessas vai na contramão da tendência das bases, que diante da situação esmagadora à qual estão colocadas, externam a sua revolta através dessas manifestações radicais que essa esquerda “bolsonarista” procura condenar de todas as formas possíveis, desde notas agressivas na sua imprensa, até a denúncia formal para o aparato de repressão burguês, como vimos com o caso dos black bloc, que depredaram de alto à baixo a Rua da Consolação, e essa esquerda, num ímpeto direitista, pede prisão a esses jovens revoltados que estão nas ruas revoltados.
O PCO, apesar de não defender como método o terrorismo individual, que nesse caso se expressa através do vandalismo, tem sensibilidade para notar que esse é o modo que esses jovens encontram para expressar o seu ódio diante da opressão do regime capitalista, e apesar de não compactuar com as suas práticas, vê os manifestantes no seu direito à manifestação e repudia qualquer tentativa de censura àqueles que compõem o movimento. Censurar os “vândalos” não só é uma capitulação diante da direita, que é quem condena a revolta popular, mas é uma tremenda insensibilidade com a situação do povo, que há tempos está abandonado, à mercê do governo Bolsonaro, por essa mesma esquerda que agora condena o povo revoltado.