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Crise na direita tradicional

Terceira Via entra na UTI

Sem nenhuma opção viável a crise dos partidos burgueses tradicionais caminha para um estado terminal.

Esta semana será decisiva para os rumos da chamada terceira via nas eleições presidenciais deste ano. Os últimos acontecimentos envolvendo os partidos de direita MDB, PSDB e Cidadania, que trabalham para lançar uma candidatura única em outubro, dão conta de que não há unidade entre as siglas.

O União Brasil, resultado da fusão do Democratas (DEM) com o Partido Social Liberal (PSL) – partido pelo qual Bolsonaro se elegeu – já anunciou que sairá do bloco e lançará o deputado federal e presidente da sigla Luciano Bivar. A nova legenda passou a deter a maior bancada do Congresso Nacional e consequentemente a maior verba eleitoral.

Seria precipitado afirmar que estes partidos, tradicionais representantes da burguesia estão fora do jogo, no entanto, é perceptível que com base nas últimas pesquisas e na própria conjuntura política polarizada há uma tendência destas forças em se deslocar para apoiar Bolsonaro.

Isso se deve ao fato de que a terceira via que aposta atualmente nos nomes da senadora do Mato Grosso do Sul Simone Tebet (MDB) e do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) para cabeças de chapa não conseguem emplacar nenhum dos dois na preferencia do eleitorado. Doria não ultrapassa a casa de 3% e Tebet fica no 1%.

Sem nenhuma opção viável a crise dos partidos burgueses tradicionais caminha para um estado terminal. Nesse sentido esta quarta-feira 18 de maio será uma data decisiva, uma vez que será divulgada uma pesquisa encomendada pelo bloco direitista que pode definir seu candidato e assim definir os planos da burguesia.

A pesquisa foi realizada pelo Instituto Guimarães e ouviu teoricamente 2.000 pessoas em 23 estados da federação. A intenção do bloco golpista é avaliar “qualidades” dos candidatos pela opinião pública incluindo a maior e menor rejeição.

Antes mesmo de sua divulgação a pesquisa já é alvo do pré-candidato tucano João Dória que exige ser o indicado de seu partido após vencer o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite nas prévias do PSDB em novembro. Nem mesmo a vitória de interna de Dória foi capaz de pacificar o partido, pelo contrário, abriu-se uma crise ainda maior.

Recentemente figuras escatológicas do PSDB como Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso vieram a público numa tentativa desesperada de tentar fazer um esforço para unificar o partido, pois o racha interno poderia levar a sigla que foi engolida pelo bolsonarismo a se espatifar de vez.

O presidente do PSDB Bruno Araújo pretende escutar novamente a direção executiva do partido sobre o acordo com o MDB e espera receber o aval para manter as negociações com Simone Tebet. Entre julho e agosto ocorrerão as convenções partidárias e Doria já ameaçou judicializar a questão caso seu nome não seja mantido como candidato ao Planalto.

“É até comum assistir à judicialização de um partido contra outro, de um candidato contra outro. É pouco comum alguém judicializar contra seu próprio partido, isso não é da natureza da política. Continuo apostando que a política é a solução dos caminhos”, disse Araújo.

Já pensando além de 2022 e prevendo a continuidade da polarização atual entre Lula e Bolsonaro, outros elementos da baixa política nacional também se movimentam no tabuleiro da política nacional.

É o caso do senador Jorge Kajuru (Podemos) que ressuscitou uma PEC de 2019 para acabar com a reeleição para cargos executivos (prefeitos, governadores e presidência). A iniciativa que tem apoio do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) interessa diretamente aos partidos tradicionais da burguesia, os mesmos que colapsaram após o Golpe de 2016.

Kajuru disse ficar “muito preocupado com a séria, correta, ética senadora Simone Tebet. Enquanto ela trabalha de um lado, outros senadores experientes desejam emplacar Lula e ponto final. No PSDB a gente também vê racha, Tasso Jereissati de um lado, Aécio Neves de outro, João Doria de outro. Portanto, esse clima para mim desestabiliza e inviabiliza a terceira via. Fica o Ciro sozinho, a sintonia que deveria haver nessa terceira via para uma única chance, que já é difícil, de terminar a polarização entre Lula e o presidente seria essa sintonia que não existe, não vai existir. Vai continuar Ciro Gomes com toda dificuldade dele, embora seja o mais preparado na minha opinião, e vai para polarização.”

De todo modo, a crise aberta nos partidos tradicionais da burguesia força estas legendas a entrarem num novo “grande acordo nacional”. Acordo este que será provavelmente o de apoiar outra vez Jair Bolsonaro. A ordem para tanto vem de cima, de seus patrões. Isto porque Bolsonaro detém para o bem ou para o mal algo fundamental que a direita tradicional imperialista perdeu em suas investidas golpistas: voto.

O problema da terceira via, portanto não é a política miúda e os desentendimentos internos partidários. O problema chave é o seguinte: o posicionamento da burguesia empresarial que está a ponto de se deslocar de vez para o Bolsonaro. Os grandes industriais e banqueiros já cogitam ir com o atual presidente para manter a política econômica em salvaguarda.

Nesse sentido, é preciso que toda militância de esquerda fique atenta aos próximos passos desta direita que atualmente como terceira via encontra-se na UTI da política. Todavia, recursos financeiros e subterfúgios não faltam a este consórcio do golpe para que ressurja surpreendentemente às vésperas do pleito.

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