No dia 9 e 10 de junho, em Brasília, realizou-se o 27° Consin (Conselho de Sindicatos) representantes da Fentect (Federação Nacional dos Trabalhadores dos Correios), com a presença de um pouco mais de 30 pessoas.
Esse encontro tinha como pauta a discussão e deliberação da campanha salarial dos trabalhadores dos Correios para a data base 2022/2023, de uma categoria nacional com quase 100 mil trabalhadores diretos espalhados por todos os cantos do país.
Nessa discussão, são retirados a pauta de reivindicação da categoria e todo o calendário de mobilização para a campanha salarial.
Uma discussão fundamental dos trabalhadores dos Correios, tanto que a Fentect foi criada nos 90 com o princípio de promover uma ampla participação da categoria em seus encontros, elegendo delegados de base, a fim de envolver o maior número de trabalhadores na campanha salarial, Isso de forma estatutária.
Em média, os encontros (Conrep – Conselho de Representantes de base) da Fentect que deliberavam sobre a campanha salarial reunia cerca de 250 trabalhadores. Um verdadeiro encontro para debater as questões fundamentais da categoria, como por exemplo a reivindicação salarial necessária para recompor as perdas econômicas da categoria.
Alegando a pandemia, a imposição da empresa de liberar os trabalhadores e falta de dinheiro, os sindicalistas da Fentect resolveram suprimir na caneta os Estatutos da Federação, e começar a decidir os interesses dos trabalhadores, sem os trabalhadores, de uma forma cada vez mais minoritária.
O 27° Consin foi a representação dessa política de afastamento da categoria, e com o mínimo de mobilização dos trabalhadores dos Correios, estabeleceram uma pauta de reivindicação que se quer pede as perdas salariais da categoria, exigindo que a empresa pague apenas o que é garantido por lei, a inflação do período.
E o que é mais grave, em meio ao maior ataque a categoria que é a possibilidade de privatização da empresa, os sindicalistas não se apoiam na única arma que é capaz de impedir esse desastre, que é justamente a mobilização ampla dos trabalhadores em época de campanha salarial, começando pelas assembleias nos sindicatos à eleição de delegados ao Conrep, e passando por todos os debates importantes do Conrep, aonde é municiado centenas de trabalhadores para mobilizar nacionalmente a categoria.
Em relação a pandemia, os trabalhadores dos Correios fazem parte de uma categoria que trabalhou o tempo todo desde o início do Covid no País, portanto, se pode trabalhar, também pode se organizar para defender inclusive melhores condições de trabalho nesse período crítico da saúde pública no país.
Em relação a falta de dinheiro para os sindicatos realizarem um encontro amplo, a economia feita nesse tipo de atividade sindical, economia o dinheiro em um primeiro momento, mas faz com que o sindicato feche as portas em um segundo instante, já que se os trabalhadores não se mobilizarem através de seus sindicatos, a categoria corre o risco de extinguir-se com a privatização.
Ademais, os trabalhadores dos Correios tem uma história de organização, aonde enfrentaram todo tipo de dificuldade, aonde não existia sindicatos, nem o direito a se organizar, não existia liberações e muito menos dinheiro para encontros, e de forma militante e aguerrida a categoria se organizou construiu os sindicatos, impediu que a Empresa se organiza-se através da Findect, a federação patronal – e foi a luta e se transformou em umas das categorias mais combativas do movimento sindical brasileiro.
Diante disso, é preciso discutir seriamente um Congresso dos trabalhadores dos Correios, de forma que os trabalhadores voltem a frequentar seus sindicatos e sintam-se participantes da luta pelos seus interesses econômicos e sociais dentro da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) mantendo-os mobilizado pela luta principal que é a de impedir a privatização da empresa pelos golpistas que estão no governo atual de Bolsonaro ou qualquer outro que coloque essa pauta novamente em debate.