Segundo cálculos do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), da última semana, o salário mínimo do brasileiro deveria ser R$ 6.754,33, (calculado para abril de 2022). Este valor (é mais que) cinco vezes maior do que o atual, de R$ 1.212,00.
Tais cálculos são feitos com base no preço da cesta básica – cesta de produtos de necessidade básica, destinada ao consumo mensal de uma família de quatro pessoas. Para este cálculo, é utilizado o valor da cesta em seu preço mais elevado. No caso do mês de abril, a cesta básica mais cara corresponde ao estado de São Paulo: R$ 803,99.
O Dieese também informou que, para comprar a cesta básica, um sujeito deve trabalhar por um tempo médio de 124 horas e 08 minutos, (maior do que o tempo registrado em março, de 119 horas e 11 minutos).
Ao fazer a comparação do custo da cesta e o salário mínimo líquido (aquele obtido após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social), nota-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em média, em abril de 2022, 61% do rendimento para adquirir os produtos da cesta. Isto é maior do que o comprometimento registrado para março, quando o percentual foi de 58,57%. É também maior que o valor obtido para o mesmo mês, no ano passado: quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, o percentual de comprometimento estava em 54,36%.
No sítio do departamento, também se encontra a informações sobre o comportamento dos preços dos principais produtos da cesta básica. Por exemplo, para o mês de abril, considerando 13 produtos que compõem a cesta básica, 12 tiveram aumento nos preços médios na comparação a março: batata (24,15%), tomate (16,09%), óleo de soja (8,29%), feijão carioquinha (7,43%), farinha de trigo (5,78%), arroz agulhinha (4,43%), café em pó (2,52%), pão francês (2,39%), entre outros. Somente a banana apresentou taxa negativa (-0,65%).
É com base nos cálculos do Dieese sobre a cesta básica que o valor do salário mínimo é estabelecido, já que é uma determinação constitucional a premissa de que esta remuneração corresponda ao mínimo valor capaz de suprir as despesas de um trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
O salário mínimo é uma demanda dos trabalhadores e também um direito social conquistado e regulado pelo Estado. Abrange todo o território nacional incluindo trabalhadores rurais e urbanos, servindo de referência para 50 milhões de brasileiros.
A correção do salário mínimo é feita anualmente pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Os novos valores obtidos devem acompanhar a inflação acumulada no ano anterior, na tentativa de garantir o poder de compra do trabalhador.
Por isso, teoricamente, a subida nos preços dos produtos consumidos pelo trabalhador, deveria estar acompanhada de um aumento no salário mínimo, de modo que a compra do mês não fosse afetada, mas sempre mantida. A maioria dos estados do Brasil segue o valor de salário mínimo decretado pelo Governo Federal, e uma minoria, segue um piso que eles próprios estipularam.
Sobre a alta dos preços, vale destacar a disparada do valor dos combustíveis, que alavancam uma alta geral nos preços dos demais produtos, tornando a inflação também elevada. Quem é que consegue encher o tanque, hoje em dia?
Com o salário mínimo estabelecido pelo governo e a alta dos preços dos produtos de diversas naturezas, seja da cesta básica, ou do combustível do carro, fica inviável que o povo consiga manter seu poder de compra e sustente sua família. Como resultado, a miséria, a fome, a violência, aumentam.