Após as manifestações do dia 3 de julho, diversas matérias na imprensa burguesa relataram “atos de vândalos” em São Paulo. Enquanto parte dessa imprensa usava isso para desqualificar os atos — algo que já era esperado, com ou sem reação dos manifestantes à violência policial —, outra parte começou a bater na tecla de que essas pessoas são infiltradas no movimento, chamando-os de baderneiros, bandidos, criminosos etc.
A esquerda se juntou ao segundo argumento em coro. Como um cidadão de bem que segue os preceitos morais do cristianismo, tentou “livrar-se da culpa”, utilizando diversos argumentos mirabolantes para justificar que esses manifestantes eram, na verdade, infiltrados que estavam ali para “causar desordem no movimento pacífico” e montar uma justificativa para Bolsonaro e a imprensa criticarem os atos.
É evidente que isso é uma completa calúnia. É uma campanha da direita para que os protestos não se tornem violentos, ou seja, para que a população não externalize toda sua raiva e indignação contra a direita e contra Bolsonaro. É uma campanha que visa manter os protestos sob controle da burguesia, esvaziando suas reivindicações e canalizando o movimento nas “instituições democráticas”, também sob seu controle.
Isso não quer dizer que não haja efetivamente infiltrados no movimento — muito pelo contrário, estes existem e já colocam suas manobras em prática, tendo inclusive um apoio fiel e até histérico da esquerda pequeno-burguesa. Estes elementos estão bem na nossa frente, rindo da cara da esquerda enquanto essa cai em velhas armadilhas que servem para a sabotagem do movimento. Ao se juntar a esse discurso, a esquerda propõe “atos amplos e pacíficos”, ou seja, de completa inércia e ainda por cima com elementos direitistas, utilizando a via da direita em vez do apoio à luta popular.
O mais expressivo destes elementos, e o que ganha as câmeras e microfones da imprensa burguesa para se fazer de coitado, é o PSDB. Convidada pela esquerda pequeno-burguesa a participar dos atos (embora ninguém específico tenha ainda assumido o crime abertamente), a direita tenta entrar na manifestação e sabotá-la pela raiz, sequestrando suas reivindicações e distorcendo o movimento, assim como fez em 2013.
A direita é apoiadora de Bolsonaro e está de mãos dadas com ele. São infiltrados, prontos para apunhalar a esquerda na primeira oportunidade. A direita nada tem a ver com as reivindicações populares, que pedem o fim e a reversão das privatizações, um auxílio emergencial digno, vacina para todos, fim da violência policial e, sobretudo, o Fora Bolsonaro.
Estes são os verdadeiros infiltrados. O povo, com sua raiva da polícia, dos bancos e, claramente, da direita, mira sua indignação em qualquer um destes elementos que aparecer pela frente, e isso inclui o PSDB. A direita não é aceita nos atos e, pelos diversos motivos já descritos, deve sim ser expulsa das ruas. São bolsonaristas a serviço da burguesia que tem como objetivo sabotar e esfacelar a manifestação, e com ela, o povo.