A convocação extremamente confusa e obscura dos atos recentes pelo fora Bolsonaro traz a tona uma discussão sobre quem e quais os interesses de quem quer “tomar” conta do movimento de luta pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas. Após a volta de grandes atos de rua, uma suposta “direção” do movimento, que até recentemente era completamente contrária a qualquer mobilização e estava em casa, está tomando decisões antidemocráticas e prejudicando todo o movimento.
Uma decisão arbitrária e absurda é que essa direção foi composta por uma chamada “operativa”. Essa operativa seria a responsável pela convocação e escolha dos atos por todo o país e está tomando decisões no mínimo duvidosas e mostra, no mínimo, um despreparo de integrantes dessa “operativa”.
Podemos confirmar essa afirmação com o que foi visto que após o ato do 13 de junho a “direção” do movimento convocou um ato para 24 de julho, 40 dias após o primeiro ato, que poderia causar grande desmobilização e permitir que a direita se organizasse contra os atos. Após essa decisão absurda, a “operativa” tomou uma decisão ainda mais confusa, chamar um novo ato para o dia 9 de julho com apenas uma semana de antecedência, impedindo na prática qualquer convocação do ato. E na plenária realizada neste dia 01 de julho, a “operativa” do movimento Fora Bolsonaro permitiu a fala de partidos golpistas, como o PSB. Sendo que a bancada desse partido em 2016 votou de maneira esmagadora (29 deputados de 32) pelo impeachment de Dilma Roussef e abriu caminho para a situação atual. E o que mais chocou foi que após críticas e denúncias dos ativistas participantes da plenária, essa “operativa” fechou os chats de mensagens no Zoom e o Youtube para não haver críticas, uma medida completamente antidemocrática.
As perguntas que ficam sem resposta: quem faz parte dessa operativa? Quando se reúnem? Há discussões? Quem decide e como é decidido? As únicas coisas evidentes são: ninguém sabe quem é integrante, a base não é consultada e ninguém fica sabendo das discussões.
Diante do crescimento das mobilizações e do despreparo demonstrado por essa “operativa” nesse período é preciso democratizar o movimento. E não democratizar na forma e sim no conteúdo. A direção deve ser liderada por organizações que realmente têm base no movimento e nos trabalhadores, como o PT, a CUT, a CMP e o MST, e de organizações que estão na luta contra o golpe e pelo Fora Bolsonaro. É preciso convocar plenárias regulares em nível municipal e Estadual para discutir cada passo do movimento com quem está organizando localmente para, inclusive, ampliar a mobilização.
A coordenação do movimento pelo fora Bolsonaro deve ser pública e conhecida, assim como suas decisões e ações. Ela deve organizar plenárias abertas, ter um fórum que permita aos trabalhadores participarem de fato das decisões, e não serem meramente figurantes tratados como gado pela direção do movimento.