A menos de um ano das eleições presidenciais de 2022, o maior partido de esquerda da América Latina, o PT, finalmente tomou uma posição mais bem definida em relação ao conjunto de partidos conhecidos como “direita tradicional” ou como “direita golpista”. Isto é, todos aqueles partidos burgueses que apoiaram o golpe de 2016 e a prisão de Lula, mas que não se apresentam como legendas abertamente bolsonaristas.
Após muita vacilação, durante um período em que dirigentes e parlamentares do PT elogiaram e se confraternizaram com a escória da política nacional — Fernando Henrique Cardoso (PSDB), João Doria (PSDB), Baleia Rossi (MDB) etc. —, o partido resolveu colocar um sinal de igual entre o bolsonarismo e a chamada “terceira via” no seguinte sentido: ambos são inimigos do povo. Tanto o setor dirigente do partido, como a ala lulista e a CUT falaram muito claramente: a terceira via não é opção.
A decisão entra em contradição com a política que o PT vinha levando no último período e com a política que a coordenação dos atos Fora Bolsonaro procurou impor às massas. Se os representantes da “terceira via” são inimigos do povo, por que deveriam ser convidados para os atos de rua? Não deveriam, e é por isso que receberam o que mereciam: a hostilidade do povo.
A mudança de posição do PT, além da pressão decorrente do calendário eleitoral, marca uma mudança muito positiva no cenário político em geral. É uma vitória da base petista, das massas que vêm saindo às ruas, que vaiaram Ciro Gomes e que se insurgiram contra a tentativa de contrabandear a direita para suas manifestações. A mobilização enterrou por completo as ilusões das direções petistas com a CPI da Covid ou com o charlatanismo dos governadores.
Enquanto as direções sonhavam com as manobras institucionais, a “terceira via” estava sendo articulada em um ritmo veloz. Ciro Gomes, Rede, PDT, PSDB e tantos outros procuraram se infiltrar nas fileiras da esquerda com o objetivo principal de sabotar uma verdadeira candidatura de esquerda e de massas: a do ex-presidente Lula. Agora, portanto, é hora de recuperar o tempo perdido. É preciso agir energicamente, tomar as ruas e denunciar que os políticos da “terceira via” não são democráticos: são vigaristas tentando tirar proveito da situação.
É preciso rejeitar toda e qualquer colaboração com a direita e lançar a candidatura de Lula.