Foi divulgada no domingo a mais recente pesquisa de opinião realizada no Chile pelo instituto de pesquisas Cadem. Acompanhando a tendência já observada em levantamentos anteriores, a rejeição dos chilenos à nova Constituição já atinge 48%. Apenas 38% mantendo posição favorável à sua aprovação, com 14% de indecisos.
Um dado interessante é que os temas que mais preocupam tanto os contrários quanto os favoráveis à nova Constituição coincidem. Em primeiro lugar, o sistema único de saúde e em segundo, a educação. Duas áreas da vida chilena que ganharam enorme destaque nas massivas manifestações que convulsionaram o país há pouco tempo.
Como denunciado neste Diário, a canalização da revolta popular, que se chocava frontalmente com o regime político obscenamente neoliberal do Chile, numa Constituinte só servia ao fim de esfriar as ruas. Depois de muita enrolação e manobras, grande parte da população chilena já se deu conta que foi enrolada. Pela Constituinte e pelo presidente recém eleito, Gabriel Boric.
A última pesquisa de julho apontou ainda uma queda de mais 3 pontos percentuais na aprovação popular ao presidente da “nova esquerda”, após apenas 7 meses de governo, atingindo apenas 37%. Apesar de tentar manobrar, a política abertamente pró-imperialista de Boric o afasta das necessidades concretas do povo chileno e das expectativas alimentadas ao longo de diversos meses de mobilização.
Se por um lado, a burguesia chilena teve sucesso na manobra de contenção da mobilização popular, por outro já tem fortes indicadores de que essa contenção se enfraquece rapidamente. Diante da manutenção da situação concreta da população, a polarização segue crescendo novamente.
Se uma parte dos chilenos ainda segue apoiando a nova Constituição, é bastante claro que não com a empolgação esperada para o que seria o ponto culminante da intensa luta popular travadas nas ruas. Entre a população mais pobre, a desilusão com o processo parlamentar é mais acentuada, segundo a mesma pesquisa.