Como resultado do golpe de Estado, a situação da população brasileira é ultrajante. Com dezenas de milhões de desempregados e sem auxílio, queda brusca na renda, inflação e a crise sanitária sem nenhuma perspectiva de melhora, não faltam motivos para que o desespero tome conta do país. Quem anda pelas ruas do país pode constatar a miséria crescente, o aumento vertiginoso do número de pessoas pedindo dinheiro, comida etc. O número de pessoas e grupos distribuindo comida está longe de dar conta da desgraça promovida pelos golpistas que derrubaram Dilma Rousseff para implementar uma política de terra arrasada, com a destruição de empregos, da economia nacional e das condições de vida dos trabalhadores.
Inúmeros relatos de pessoas em total desamparo vem ganhando as redes sociais. “Tenho 35 anos, sou casada e tenho dois filhos. Estou desempregada, meu marido também está, e nós pagamos aluguel. A empresa em que ele estava trabalhando mandou ele embora, mas vai acertar com ele só dia 26 [de agosto], ele trabalhava de servente de pedreiro. Estamos com as contas atrasadas, e estão faltando coisas para comer em casa”, relatou Fabiana Santos, em sua conta do Facebook.
Segundo Lauro Gonzalez, da FGV, “as redes sociais acabam constituindo um veículo propício para as pessoas conseguirem dar escala a coisas que antes era muito difícil escalar. Através das redes sociais, esses pedidos de ajuda financeira ou doações podem atingir milhares de pessoas potencialmente, a um custo bastante reduzido”. Ainda segundo o economista, “a perda de renda decorre em parte da própria falta de mobilidade porque, na medida em que as pessoas circulam menos, parcela do seu consumo é deslocado para o ambiente virtual, mas outra parcela não, então a roda da economia gira mais devagar com a falta de circulação e o próprio receio das pessoas”.
Longe de apresentar os motivos reais da destruição econômica do país, Gonzales expressa a conveniência de deixar a cargo da pandemia o ônus da destruição. Malgrado as causas fundamentais do descalabro econômico, o que se pode concluir, segundo as intenções do economista, é que – não fosse a pandemia, não haveria todo esse caos. Ora, obviamente, essa é a forma pela qual os economistas burgueses assumem para não deixar à luz dos acontecimentos os vestigos do encargo neoliberal defendido pelos representantes da burguesia que tomaram o Estado de assalto. Seja por meio de PIX, vaquinha, TED, DOC etc., a verdade é que a carestia vem levando os desalentados a apelar de todas as formas para obter alguma forma de garantir ao menos o almoço.
A pandemia somente agravou a crise econômica que já estava abalando a economia mundial e trazia dificuldades para a burguesia controlar a situação.
O fato é que mais de 120 milhões de brasileiros se encontram em situação de “insuficiência alimentar” (novo nome dado para quem passa fome) e quase 20 milhões com “fome aguda”. O reflexo da ganância dos capitalistas que querem lucrar as custas da fome e da miséria da maioria é cristalino, e essa situação de desespero pode levar à explosão social. Diante disso, é preciso organizada essa revolta iminente, chamar o povo a sair às ruas e lutar por um programa de atendimento de suas reivindicações: auxilio emergencial de verdade, salário mínimo vital, redução da jornada de trabalho; pelo Fora Bolsonaro e todos os golpistas, Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.