A farsa da oposição entre Bolsonaro e os partidos que encampam a “terceira via” só é aceita pelos muito incautos ou pelos mal intencionados mesmo. Uma “oposição” que vota junto com o governo em praticamente tudo, em especial nos ataques aos direitos trabalhistas, não pode receber a benção da esquerda para se promover eleitoralmente.
A PEC 32 propõe a chamada “reforma administrativa”, um duro ataque aos direitos trabalhistas dos servidores públicos e à toda a população que depende dos serviços públicos. Lutar de verdade contra o governo Bolsonaro passa obrigatoriamente por denunciar e combater esse tipo de desmonte do estado. Porém, partidos da direita que tentam surfar na rejeição popular ao ilegítimo presidente, estão “juntos e misturados” com a base oficial do governo para atacar o povo.
Se apresentando como “terceira via”, ou seja, nem Lula nem Bolsonaro, esses partidos procuram se infiltrar nas manifestações da esquerda para se camuflar como “democratas”. Setores oportunistas da esquerda estão inclusive trabalhando para garantir que a direita sequestre os atos e eleja um inimigo dos trabalhadores em 2022.
Quem não se lembra da comoção de figuras como Juliano Medeiros (presidente do PSOL) e Renato Rovai (Revista Fórum) quando militantes do PCO, PT e outros se envolveram num entrevero com os figurantes pagos pelo PSDB na Avenida Paulista no começo de julho? Medeiros reforçou o convite aos tucanos, sem qualquer respaldo, para o próximo ato.
Mesmo com o fracasso retumbante dos atos da terceira via em 12 de setembro, esse tipo de carreirista político da pior categoria segue propagando a ideia de que a direita é bem-vinda nas manifestações pois chega “para somar”. Uma mentira criminosa contra as vítimas dos ataques da direita, que se divide nas suas disputas internas, mas se une para entregar o país para os capitalistas estrangeiros e esfolar os trabalhadores brasileiros.
PSDB, MDB, PSL, PL, PSD, PP, Republicanos, DEM, PROS, PTB, Novo e Cidadania votaram a favor da PEC 32 numa Comissão Especial na Câmara dos Deputados na quinta-feira. Que tipo de oposição ajuda o governo a passar um dos seus principais projetos? O palco desses vigaristas é o parlamento burguês, corrupto e inacessível ao povo. As ruas não, elas pertencem ao povo, que só conta com suas próprias forças para se defender da burguesia.
Toda a campanha contra a polarização, contra “os extremismos”, atua no sentido de excluir a esquerda que não possa ser “domesticada” nesse momento, o que inclui obviamente o PCO mas também tanto a base do PT quanto até mesmo setores mais radicais de sua ala “lulista”. Com palavras de ordem vagas como a defesa de uma suposta democracia, o caminho fica livre para a terceira via, que não mobiliza o povo mas tem muito dinheiro para manipular o processo eleitoral.
Seguimos repudiando a participação dos inimigos dos trabalhadores nos atos que se propõem justamente a defender os direitos democráticos do povo, e não estamos sós. Convidar o PSDB pelas redes sociais é fácil, complicado é convencer aos trabalhadores a receber de braços abertos os seus algozes.
