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Eleições

Para entender a terceira via: o problema não é a política miuda

O projeto da terceira via ainda não conseguiu decolar, o que está por trás disso?

Aparentemente essa semana os caciques do PSDB, MDB e do Cidadania, partidos que supostamente ainda permanecem no projeto da terceira via, escolheram a sua candidata: a senadora Simone Tebet (MDB-MS). A escolha da candidata, no entanto, não é unanimada sequer no interior desses partidos. Parte do PSDB e do MDB já está fechada com Bolsonaro, ou seja, nem nos partidos que decidiram continuar com a terceira via há consenso.

Estamos a poucos meses da eleição e isso é uma verdadeira crise para a terceira via. Um dos aspectos dessa crise é o ex-governador de SP, João Doria, vencedor das prévias do PSDB que está sendo deixado de lado pelo comando do próprio partido. Para não ter que respeitar a decisão da prévia Bruno Araújo, presidente da sigla, está dizendo que apoiará Simone Tebet, abrindo mão de lançar um candidato do próprio partido. Os que ainda vêm futuro nesse projeto, a parte mais rica e ligada ao imperialismo da burguesia brasileira, vê em Simone uma rejeição mais baixa que a de Doria, sem desconsiderar que a senadora é um completa desconhecida para o Brasil.

Mas a relação Doria, Tebet e Araujo não é o que explica a crise que afunda a terceira via, mas sim a relação entre a burguesia menor e mais numerosa, e a burguesia mais poderosa, porém minoritária. Essa relação mudou a partir do golpe, e sobretudo depois da vitória de Bolsonaro. A ala ligada ao imperialismo está habituada de arrastar o restante da burguesia brasileira pela influência e poder que tem o imperialismo na política internacional, contudo, neste momento, não pode dominar sozinha o país. Hoje uma parte cada vez maior da burguesia brasileira quer a vitória de Bolsonaro. Isso por algumas razões, primeiro porque o presidente abriu as porteiras e tem, literalmente, distribuído dinheiro, em primeiro lugar para os banqueiros e para o grande empresariado e, em menor porção, para setores mais pobres, o que vem dando algo resultado.

Outro fator é a crise do imperialismo demonstrada pela derrota no Afeganistão e escancarada pela reação da Rússia diante da investida da OTAN. É mais seguro para a burguesia brasileira se garantir com Bolsonaro, por isso tantos partidos abondaram a terceira via como o União Brasil (resultado da fusão do DEM com o PSL) e o PSD.

No PSDB, o deputado Aécio Neves é a principal figura que arrasta uma parte do partido para o apoio de Bolsonaro, e manobra para lançar uma candidatura própria do PSDB, inviabilizando a unidade da “terceira via”. O motivo é simples, seria uma manobra para enfraquecer Lula.

Os partidos que hoje ainda tentam a terceira via se vendem como anti-bolsonaristas e democráticos, assim, os votos que por ventura consigam nas eleições serão tirados de Lula, e não de Bolsonaro. Ciro, Leite, e quantos mais candidatos “civilizados” lançarem candidaturas para combater os extremos, mais votos da esquerda serão escoados.

No MDB, a situação também não é simples, parte do partido também quer garantir sua reeleição apoiando o atual presidente.

Mesmo com toda essa crise, se o projeto fracassar, toda a demagogia feita contra o Bolsonaro vai cair por terra e, até os que hoje declaram voto em Lula dentre os golpistas, como Aluízio Nunes, pularão no barco de Bolsonaro. O jornal O Estado de S. Paulo, porta-voz de uma lada da burguesia que ainda aposta na chance de uma terceira via é um típico exemplo dessa situação: hoje ataca o presidente, mas, se no final de contas for preciso para impedir uma vitória do PT, defenderá com unhas e dentes Jair Messias Bolsonaro.

Muito além dos aspectos miúdos da política burguesa, dos interesses particulares desse ou daquele político ou grupo, que são – de fato – funcionários dos grandes capitalistas, o que está em jogo são os poderosos interesses dos grandes capitalistas contra o povo. Estes interesses vão se impor contra os as questões particulares, contra a necessidade da burguesia em crise de atacar a maioria do povo, de garantir um governo que represente os seus interesses, mesmo que não seja o governo dos “seus sonhos”, mas que seja o governo que seja possível para derrotar a esquerda e o povo.

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