Deixar um intervalo de 40 dias entre os atos foi um verdadeiro atentado contra as mobilizações que vêm acontecendo. A decisão foi tomada pela “operativa” que, em tese, deveria ser um grupo para organizar as questões práticas do movimento, mas, na prática, opera de maneira obscura de modo que a militância não saiba a quem reclamar na hora que decisões quase criminosas como estas são tomadas.
O movimento está refém dessa operativa cujos integrantes ninguém conhece. Esperar-se-ia que o PT seria o principal partido integrando a coordenação dos atos, haja em vista o tamanho que o partido tem, o que legitimaria o Partido dos Trabalhadores para ter o maior peso na hora de tomar decisões. Contudo, da maneira como está organizado neste momento, são elementos desconhecidos que decidem os rumos dos atos, ou elementos aliados à direita, como Guilherme Boulos, que não queria que os atos acontecessem.
A coordenação deve ser pública, conhecida, assim como suas ações. Ela deve organizar plenárias abertas, ter um fórum que permita ao operário e ao sem terra participarem de fato. A esquerda pequeno-burguesa, como o PSOL e o PCdoB, adora dizer que “precisamos voltar às bases” e “furar a bolha”, mas não vai ser permitindo a entrada dos elementos direitistas da frente ampla e coordenando as mobilizações de forma oculta que isso vai acontecer.
Para que o movimento seja grande e tenha êxito em derrubar o governo Bolsonaro sem depender dos parlamentares é preciso que ele seja popular e democrático, caso o contrário o movimento vai ser facilmente cooptado pela direita e usado para lançar a candidatura da direita falida, agora batizada de terceira via. Nesse sentido é preciso que seja construído até a base, com órgãos que organizem as bases localmente, como Comitês de Luta, por exemplo. Nas cidades, nos sindicatos, ou até mesmo nos bairros e nas ruas, é preciso formar esses comitês. Desse modo o movimento consegue ter uma penetração real na população e torna-se impermeável à penetração de elementos golpistas que chegam para dirigir o movimento colocados pela burguesia e a mando dela.
Algumas pessoas ficam confusas quanto à participação desses elementos nas manifestações, não seria melhor ter mais gente? A essas pessoas é preciso perguntar em que elementos como Ciro Gomes, Joice Hasselmann, Wesley Teixeira, em suma, golpistas, têm a acrescentar às manifestações? Não somente sempre foram contra como também continuam em não contribuir em nada para elas; não levam ninguém. Apenas aderiram agora que a coisa tomou proporções colossais e estar do outro lado pode significar suicídio político. Querem trazer o verde-amarelo e expulsar a esquerda.
Por isso é preciso que o movimento seja democrático com o povo e não com os golpistas, inimigos da democracia e das mobilizações. Precisamos estabelecer uma liderança clara do movimento a quem seja possível reclamar e que preste conta de suas ações para a população. Desse modo é que derrotaremos Bolsonaro e poderemos estabelecer um governo dos trabalhadores.