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Identitarismo contra o povo

O risco de divorciar as escolas de samba da cultura popular

Identitarismo é anti-povo e é uma forma de domínio da burguesia sobre o carnaval

É impossível pensar na história do carnaval e do samba no Brasil sem pensar na participação das diversas classes sociais na formação do que hoje nós reconhecemos como a cultura genuinamente nacional. Aos batuques dos negros chegados da África, misturaram-se elementos da cultura indígena e europeia. Essa é a característica de nossa formação social e essa é, portanto, a característica da cultura nacional.

Sem o elemento europeu não é possível entender o samba e o carnaval como o entendemos hoje, isso é fato. E ao dizer elemento europeu estamos nos referindo principalmente aos brancos das classes subalternas, mas também aos brancos de classe média. A presença dessa classe média, branca, no samba tem uma importância decisiva. Importância que não cabe explicar detalhadamente aqui. Mas vale dizer que, do ponto de vista estético, os brancos contribuíram para a riqueza harmônica e melódica do samba tal como conhecemos hoje, e do ponto de vista social contribuíram para uma aceitação do samba e do carnaval nas camadas mais altas.

Logicamente que a presença da classe média no samba nem sempre tem uma contribuição positiva. Normalmente a contribuição negativa está relacionada com a introdução de elementos estranhos à cultura popular. Como acontece na política, a classe média é a carreia de transmissão da ideologia burguesa ao povo trabalhador. Na cultura popular acontece um fenômeno similar. A ideologia da moda é levada pela classe média influenciando as características daquela manifestação cultural.

Nesse momento, a classe média de esquerda, que é quem normalmente se liga às camadas populares, está contaminada com a ideologia identitária. Extremamente reacionário e estranho ao povo, o identitarismo se infiltra nas manifestações da cultura popular justamente por se apresentar como uma ideologia de defesa dos oprimidos.

Na realidade, ele não tem nada de luta contra a opressão. Não é nada mais do que uma ideologia que foi importada das universidades dos países imperialistas cujo objetivo central é devastar a cultura nacional. E como isso acontece? O identitarismo não valoriza a genuína cultura nacional, mas uma cultura abstrata, que em grande medida foi inventada na cabeça de elementos da classe média universitária.

Dessa maneira, desprezam a verdadeira cultura nacional, defendendo a troca por algo que simplesmente não existe na vida real. Por exemplo, desprezam a cultura nacional por uma pseudo cultura indígena supostamente originária, quando a rigor essa cultura só existe na imaginação desses universitários. Não é uma defesa concreta da cultura indígena e da cultura negra. O que os identitários fazem é criar na sua mente algo que eles acreditam ser a legítima expressão dos oprimidos e rejeitar tudo o que não seria, criando uma divisão justamente na cultura que é essencialmente a esfera da diversidade e do intercâmbio entre diferentes culturas, o que aliás é a própria característica fundamental da cultura brasileira.

Nesse sentido também não há uma proposta real de luta política contra a opressão, mas a substituição por uma pseudo luta no terreno dos costumes, da linguagem, em suma, da cultura em geral.

A influência dessa ideologia é cada vez mais presente no carnaval. Quanto maior o controle da burguesia, maior tem sido o uso do identitarismo. Nos desfiles da Escola de Samba do Rio de Janeiro, por exemplo, metade do grupo especial escolheu um enredo que direta ou indiretamente estava ligado ao identitarismo.

Aqui é preciso fazer uma ressalva importante. Os enredos que valorizam as lutas, a cultura, a religião e tudo o que diz respeito aos negros e indígenas sempre foram comuns no carnaval. São comuns e são válidos. O que chama a atenção é que justamente por isso as ideias identitárias têm sido infiltradas aí e têm distorcido essas manifestações.

Um enredo sobre as religiões de matriz africana, por exemplo, deixa de ser uma defesa genuína dessa religião para se tornar um tema demagógico, cheio de afetações que não tem nada a ver com a expressão dessas religiões criadas pelos negros brasileiras.

O carnaval é do povo, de todo o povo brasileiro. O identitarismo é uma ideologia imperialista e reacionária, hostil ao povo brasileiro. A sua influência sobre o samba e o carnaval, tendo a classe média como correia de transmissão pode resultar num domínio cada vez maior da burguesia nas escolas de samba e um afastamento do povo.

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