Quando militantes de base da esquerda expulsaram bate-paus do PSDB do ato na Avenida Paulista, no dia 3 de julho, a esquerda pequeno-burguesa frente-amplista, em peso, atacou o PCO para tentar disfarçar sua defesa do PSDB.
Um dos motivos pelos quais o PCO (alguns militantes do Partido, bem como do PT, participaram da confusão) teria agido de maneira bruta, violenta e mesmo “criminosa” (como acusou o pseudojornalista Renato Rovai) seria porque as “vítimas” eram da ala LGBT dos tucanos.
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Na véspera do ocorrido, aconteceu algo que se provou depois uma farsa demagógica que se encaixa perfeitamente no quebra-cabeças da tática da 3ª via. Eduardo Leite (PSDB), eleito em 2018 governador do Rio Grande do Sul sob o slogan de “BolsoLeite”, assumiu sua homossexualidade, em frente às câmeras da Rede Globo.
Também nesse episódio, a mesma esquerda pequeno-burguesa frente-amplista e antipetista que depois acusou o PCO de “homofobia” por supostamente agredir gays do PSDB, despejou elogios sobre a “coragem” de Bolsogay.
Trata-se, na verdade, de uma manobra da burguesia justamente com a finalidade de fisgar a esquerda pequeno-burguesa e uma classe média liberal para que fiquem a reboque da direita em uma frente ampla que eleja o candidato da 3ª via em 2022.
João Doria, demonstrando que quer ser o grande candidato dessa 3ª via, embarcou com toda a força nessa campanha demagógica. Transformou-se no “IdentiDoria”, levantando bem alto a bandeira LGBT, comprovando a sua flexibilidade ─ em 2016, foi eleito prefeito de São Paulo como “João Trabalhador”; em 2018, governador como “BolsoDoria”; e agora, em 2022, quer se eleger presidente como o identitário que combate o fascismo e o populismo lulista.
A esquerda quer se aliar com Doria, Leite e o PSDB porque eles somariam forças na luta contra Bolsonaro. Mas eles já confirmaram que seu maior inimigo nas eleições não é Bolsonaro, e sim a própria esquerda.
“Esse antipetismo será predominante dentro da nossa campanha”, disse Doria na cerimônia de oficialização de sua inscrição como pré-candidato nas primárias presidenciais do PSDB. Leite seguiu o mesmo caminho, culpando o PT pela eleição de Bolsonaro. “A verdade é que, na minha análise, Bolsonaro é também resultado de uma política feita pelo PT”, disse. “Especialmente pelo ex-presidente Lula”, completou.
Os gays identitários do PSDB, assim, seguem as acusações da extrema-direita bolsonarista, segundo a qual a culpa de tudo de ruim que ocorre no Brasil é… do PT. Não é de Bolsonaro a culpa, e, portanto, seu maior inimigo nas eleições não é o presidente fascista que matou 600 mil pessoas na pandemia. O inimigo a ser vencido é o PT, particularmente o ex-presidente Lula.
Vem muito bem a calhar, principalmente neste momento, a política identitária. Mais uma vez ela se comprova uma estratégia do imperialismo, da burguesia e da direita. Não para combater o fascismo. Mas para combater e derrotar a esquerda.