O acontecimento desta semana é sem dúvidas a expulsão do imperialismo do Afeganistão, feito histórico que, diferente do que a imprensa capitalista procura pintar, é obra não unicamente dos radicais islâmicos do Talibã, mas também, em maior medida, do povo afegão, que há décadas alimenta com ódio o desejo de expulsar os invasores imperialistas que transformaram o Afeganistão e outros países do Oriente Médio em um pedaço do inferno na terra onde só há morte, ruínas e sofrimento.
O sinal mais claro do apoio do povo ao Talibã, fato que só mostra mais claramente como a ação do imperialismo nos países do Oriente Médio é das coisas mais odiosas da humanidade nos últimos anos, foi a facilidade com que os guerrilheiros tomaram conta da capital do Afeganistão, Kabul, e do país como um todo. A tomada do poder pelo Talibã foi razoavelmente simples, pois o fator que sustentava o governo fantoche dos EUA no Afeganistão, a OTAN, havia se retirado do país havia alguns meses. Nos jornais chegou a ser noticiado que o Talibã estava procurando tomar o poder pacificamente, indicativo de que não havia grande resistência nem por parte da população nem por forças militares .
Esse foi outro fator que contribuiu para que a situação do Afeganistão prosseguisse da maneira que prosseguiu, o fato de que o exército do governo fantoche do imperialismo, após a saída da OTAN do território afegão, foi se dissolvendo na medida em que o Talibã progredia no sentido de tomar conta do país, fato que mostra que aquilo que garantia a existência do governo artificial do imperialismo não eram os próprios afegãos, mas sim as forças estrangeiras de ocupação, que, ao deixarem o país, viram o governo vir abaixo em pouco tempo. A resistência do exército nacional foi tão pouca, que há relatos na imprensa de que o Talibã se apropriou de armamentos do exército regular do país e teve inclusive ingresso de elementos dessas forças armadas em suas fileiras.
Apesar do malabarismo ideológico que setores da esquerda têm feito para justificar o apoio ao imperialismo contra o Talibã, de que por ter uma ideologia reacionária e há 30 anos ter sido apoiado pelos próprios EUA contra a URSS, o fato é que, o que mais vemos no debate político norte-americano após esse resultado catastrófico para o imperialismo, são toneladas de desculpas dadas pelo governo Biden em tom envergonhado. Ao mesmo tempo em que ataques ao governo surgem de elementos direitistas, como é o caso de Donald Trump, que afirmou que a retirada das tropas do Afeganistão será uma das maiores derrotas da história americana. Trump chegou ao ponto de pedir a renúncia de Biden, evidenciando que a tomada do poder pelo Talibã está longe de ser uma política de interesse do imperialismo e que esse fato traz mais à tona a crise do domínio imperialista sobre o Oriente Médio.
Uma última lição que podemos extrair da vitória do povo afegão contra o imperialismo é que o domínio imperialista não é invencível, o Talibã, munido de precários armamentos, conseguiu, junto ao povo do Afeganistão, expulsar os EUA.