As frentes da esquerda nacional, partidos e movimentos populares, concordaram com a mais importante resolução dos últimos meses: voltar às ruas.
Esse compromisso já tem data marcada, os dias 26 em Brasília e 29 em todas as capitais. Veio após uma pressão evidente das bases operárias e populares por mobilização.
O genocídio de quase 500 mil brasileiros, a fome que assola 19 milhões de pessoas, mais de 14 milhões de desempregados oficiais – sabe-se que o número real beira os 100 milhões, contando com todos os que não têm um verdadeiro emprego.
Os trabalhadores sofrem e lutam para reagir. Diversas categorias começam a se mobilizar. Os portuários estão discutindo entrar em greve por vacina e no próximo dia 1° haverá uma nova votação entre todos os sindicatos e federações da categoria. Os metroviários finalmente paralisaram. Foi apenas por um dia, mas para a burocracia sindical do Metrô de São Paulo já é um avanço e mostra a pressão à qual estão submetidas as direções.
Soma-se à situação nacional o cenário explosivo na América Latina.
Os colombianos insurgem-se contra o governo de extrema-direita do presidente fascista Iván Duque. São gigantescas mobilizações, uma atrás da outra. Seguem, assim, o exemplo dos trabalhadores e massas populares de outros países da região que se levantaram contra os regimes golpistas e vassalos do imperialismo nos últimos dois anos. Equador, Guatemala, Honduras, Haiti, Peru, Paraguai, Bolívia.
No Chile, a insurreição ganhou características revolucionárias. A votação para a Constituinte – um mecanismo da burguesia para desviar a luta nas ruas – expressou a radicalização: o voto na esquerda, de modo geral, foi majoritária. Ainda que não se possa confiar no caráter esquerdista dos votados.
O Brasil é uma das raras exceções nesse cenário de mobilizações de massas. Mas engana-se quem pensa que os trabalhadores brasileiros não querem trilhar o mesmo caminho, estão acomodados e relaxados. Aqui, a situação também é extraordinariamente explosiva.
E os atos convocados pela esquerda pode representar uma virada definitiva entre a apatia e a luta por parte dos representantes da população. Daí a importância desses atos, principalmente no dia 29, próximo sábado.
Os atos não devem apenas ser realizados, mas devem ser verdadeiros atos de massa. Todas as organizações que os estão convocando devem trabalhar para levar o maior número possível de pessoas, a fim de encher as ruas de todo o País, pintadas de vermelho.
Os trabalhadores e ativistas de base estão ansiosos por grandes jornadas de luta. Não veem a hora de lotar os tradicionais centros de manifestação com cartazes, bandeiras, faixas vermelhas com as principais reivindicações históricas e imediatas das classes populares.
A tarefa da esquerda é utilizar esses atos para impulsionar a luta concreta contra o governo Bolsonaro e o regime golpista de conjunto, a burguesia e o imperialismo. A partir de agora, é extremamente necessário ter em mente: ir às ruas e não sair mais delas até que o governo caia, até que todas as reivindicações dos explorados sejam atendidas e até que o golpe seja derrotado. Até que os trabalhadores tomem para si o governo.
Às ruas!