Com o fim do ano se aproximando, um esfriamento momentâneo da situação política é esperado, e tendo em vista que no ano que vem teremos as eleições presidenciais, toda a situação se direciona para isso, dado clima de tensão que se instaurou na situação política nacional com a iminência de um conflito direto nas urnas entre Bolsonaro e Lula.
A iniciativa da terceira via não progride como o esperado pela burguesia, e na perspectiva dela fracassar, esta já se prepara para apoiar Bolsonaro para um segundo mandato. Com isso, a esquerda que articulava a frente ampla se dedica a prejudicar a candidatura de Lula com argumentação esquerdista, inclusive com calúnias, mesmo que isso corrobore os interesses da burguesia.
Lula, que apesar de todo o mistério que faz nas redes sociais já encaminha sua campanha, neste momento está em viagem à Europa, conversando com políticos da social-democracia europeia. Até aí nada nos surpreende, pois sabemos que Lula, apesar do papel político que está cumprindo, não deixou de ser um político conciliador, logo, é esperado que ele procure apoio desses setores, mas, independentemente do quanto ele procure, esses setores não têm interesse em apoiá-lo.
Os setores mais esquerdistas do imperialismo estão interessados neste momento em uma saída que gere menos atrito para a situação política brasileira devido ao desgaste de Bolsonaro e da crescente ameaça de uma revolta popular. Essa saída seria a terceira via, que consiste em um candidato tão direitista quanto Bolsonaro, mas que não seja Bolsonaro, requisitos que Lula não cumpre, especialmente nesse momento político tenso, quando as bases têm um papel muito mais determinante devido à polarização da situação política.
Lula não é um candidato de confiança do imperialismo, pois mesmo já tendo governado para os banqueiros, não é capaz de cumprir à risca as exigências da burguesia, pois é profundamente pressionado por sua base popular, que não o permite ser um candidato viável para a burguesia e suas necessidades, pois esta não tem interesse neste momento de regredir nos seus ataques contra o povo.
Por fim, mais um fator que mostra como as tentativas de Lula de se tornar palatável à burguesia são infrutíferas é o fato de que a imprensa burguesa nacional não demonstrou nenhuma animação com relação à candidatura de Lula, mesmo depois de suas tratativas com a social-democracia europeia, que neste momento tem um papel de destaque na atuação do imperialismo, principalmente na América Latina.
A falta de interesse da burguesia na viagem de Lula foi tanta, que esse fato nem está sendo tratado pela maioria dos jornais burgueses, e onde é tratado nesses círculos, está sendo colocado de maneira muito mais secundária do que seria se Lula estivesse em vias de representar o imperialismo nas eleições contra Bolsonaro.