A campanha eleitoral tem de campanha só o nome. Tudo que é feito em torno dos candidatos é a campanha da própria imprensa capitalista, estando, ela mesma, engajada em seus candidatos e aqueles que melhor representam a manutenção do regime golpista.
As restrições para campanha de rua são enormes. E são grandes justamente porque é aquela campanha que favorece os candidatos mais pobres, que permitia, em eleições anteriores, a colagem de cartazes, panfletos, faixas de rua e outros adereços que são fundamentais para os candidatos que não possuem tempo algum na televisão.
Essas restrições não nasceram de leis, de documento legal aprovado pelo Congresso Nacional. Elas são fruto de resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que, com isso, legisla sobre o direito eleitoral e democrático de todo o povo.
A resolução 23610 de 2019, por exemplo, diz:
“É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado, presencial ou transmitido pela internet, para promoção de candidatas e candidatos e a apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral, respondendo a pessoa infratora pelo emprego de processo de propaganda vedada e, se for o caso, pelo abuso de poder.
Não é permitida a veiculação de material de propaganda eleitoral em bens públicos ou particulares.
É proibido colar propaganda eleitoral em veículos, exceto adesivos microperfurados até a extensão total do para-brisa traseiro e, em outras posições, adesivos que não excedam a 0,5m² (meio metro quadrado)”.
E esses são apenas alguns exemplos de proibições dentro da campanha eleitoral. São proibições que se destinam a combater a campanha eleitoral dos mais pobres, de quem não têm acesso ao tempo de rádio ou televisão.
Nesse sentido, mesmo não sendo de partido de esquerda, os candidatos comuns, pobres, de outras legendas, são estrangulados na campanha eleitoral da mesma forma que candidaturas revolucionárias. A eleição, na verdade, começa dentro dessas restrições, e se formos considerar a questão do fundo eleitoral e o apoio dos empresários, grande parte do resultado eleitoral já está dado antes mesmo da apuração dos votos do dia 02 de outubro.
Quem é profissional da política, quando questionado sobre os candidatos, é capaz de errar quem os são. Deve acertar somente os mais divulgados pela imprensa. É praticamente impossível acertar, por exemplo, todos os candidatos ao governo de um estado. Já é difícil acertar para presidente da República, imagine o restante das candidaturas.
Isso não é “normal”. Ou seja, o eleitor não tem toda a informação possível. Ao contrário do que se diz, ao invés de coibir a informação, supostamente no combate a notícias falsas, o correto era permitir o maior número de informação possível, por todos os meios possíveis. Eleição é justamente a expressão do candidato e de seu programa. A expressão daquilo que pensa o candidato, daquilo que defende o seu partido.
Sem isso, chamar o processo eleitoral de democrático é justamente o melhor jeito de encobrir a realidade de um processo que é controlado de cabo a rabo, em que não existe campanha eleitoral de verdade, e em que os eleitos já estão eleitos antes mesmo do voto.
