O presidente ilegítimo Jair Bolsonaro afirmou que não adianta assinar “cartinha” em defesa da democracia, pois isso não significaria muita coisa. Essa declaração foi dada em um almoço com seus patrões da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), na última segunda-feira (08).
Bolsonaro, curiosamente, está correto em sua afirmação. Qual a diferença entre ele, um fascista, que não assinou a famigerada “Carta pela Democracia” e os grandes capitalistas, supostamente civilizados, que a assinaram? Por acaso não foram precisamente eles que o colocaram na Presidência da República? Não são eles que dão as cartas na política econômica do governo, causadora de um aumento assustador na situação de pobreza e miséria da maioria da população?
A Fundação Tide Setúbal ─ do Banco Itaú, histórico apoiador do fascismo ─ divulgou uma pesquisa que aponta que 82% dos empresários brasileiros defenderia a democracia. Mas qual democracia? Logicamente, a democracia dos ricos, aquela em que o povo não tem vez. A democracia em que a presidenta eleita pelo povo é derrubada por pistoleiros do Congresso Nacional, em conluio com ministros do STF e juízes eleitos por ninguém, com grande campanha da imprensa burguesa e controle direto do Departamento de Justiça e do Departamento de Estado dos EUA.
Todos defendem a democracia, em palavras. Todos são santos, em palavras. Todos são puros, em palavras. Todos são pilantras e enganadores profissionais, na prática. Os banqueiros, que roubam metade da renda nacional, deixando a maioria do povo a comer osso e restos de comida, são democratas?
A realidade é muito distante do que eles passam em seus discursos demagógicos. Uma pesquisa mostrou que, mesmo entre os signatários do “manifesto em defesa da democracia e da justiça”, divulgado pela própria Fiesp, constam apenas 15% dos seus sindicatos de patrões. Ou seja, nem os patrões acreditam na farsa que eles mesmos disseminam.
Os movimentos que estamos vendo nos telejornais e páginas de internet supostamente em defesa da democracia poderiam muito bem ─ se fossem sinceros ─ se chamar “manifestos em defesa do golpe e da terceira via”. Porque são promovidos pelos maiores responsáveis pela destruição de cada um dos direitos democráticos do povo, que elegeram Bolsonaro e que querem um governo que seja eficiente no saque da economia nacional. Esse governo Bolsonaro não tem condições de liderar, apesar das benesses concedidas a ele por esses mesmos democratas em 2018. Logicamente, Lula também não tem essas condições, pois sofre muitas pressões dos sindicatos e movimentos sociais, e se entrar em total conflito com sua base de apoio pode gerar uma crise ainda maior ─ o que os grandes capitalistas não desejam. O candidato ideal, no momento, para os “democratas” é Simone Tebet, representante do setor tradicional da direita brasileira, apoiada pelo MDB e PSDB ─ os partidos do golpe de 2016.
A democracia, portanto, seria um governo do PSDB e do MDB. Acredita quem quiser.
