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Quintal desarrumado

Mourão e a contradição na América Latina

Fala de Mourão expressa a dificuldade dos EUA de botarem a 'casa e ordem', o que revela o quanto tem se enfraquecido do imperialismo

Hamilton Mourão

O clima político na América Latina está bastante agitado. Hamilton Mourão, general vice-presidente de Jair Bolsonaro, afirmou recentemente que Brasil e China tinham uma relação siamesa exatamente quando os EUA aumentam a pressão sobre os chineses. Joe Biden está visitando a Ásia, passou pela Coreia do Sul e no momento visita o Japão, em um esforço de consolidar sua política no Indo-Pacífico.

Está bastante claro que para os EUA enfrentarem a Rússia, mesmo usando a Ucrânia como bucha de canhão, será preciso unir praticamente o mundo todo. No entanto, justamente na sua área que deveria ter maior controle, o Continente Americano, parece haver uma espécie de ‘revolta em curso’.

O presidente mexicano, López Obrador, havia ameaçado de não participar da Cúpula das Américas (6 a 10 de junho) no caso de algum país ser excluído, e que mandaria um representante. Obrador pediu também a extinção da OEA, e que em seu lugar se crie um outro organismo com uma nova dinâmica de cooperação internacional. A Nicarágua já se retirou da OEA. A Bolívia já avisou que não participará da Cúpula e o governo brasileiro parece indeciso.

Serviços de inteligência russos

Segundo o sítio Sputnik “O Serviço de Inteligência Externa da Rússia relatou uma ameaça real na Cúpula das Américas devido a discordâncias sobre a Ucrânia”. E completa citando a inteligência russa “Há uma ameaça real de suspender a Cúpula das Américas na cidade de Los Angeles, entre 6 e 10 de junho. Cidade do México, Buenos Aires e La Paz estão insatisfeitas com os desejos de Washington de focar o trabalho do Fórum na Ucrânia, e não convidar atores regionais mais importantes, como Havana, Caracas e Manágua por serem ‘pró-Rússia’ com relação à Ucrânia”.

De acordo com a Reuters, neste dia 20, “O ‘medo’ de um boicote generalizado à Cúpula das Américas é uma preocupação na Casa Branca”. Autoridades do governo dos EUA já consideram convidar um representante de Cuba, para tentar evitar a ausência de chefes de Estado, o que seria um grande constrangimento.

China e América Latina

A China tem negócios importantes com a Venezuela (sob sanções dos EUA); está negociando a construção de um canal intra-oceânico na Nicarágua que será um forte concorrente do Panamá, pois encurtara as distâncias e tornará o transporte marítimo mais barato. Além de ser um forte parceiro comercial do Brasil.

Mourão participa da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertaçãoe Cooperação (Cosban). Em entrevista ao jornal O Globo, além dizer da ‘relação siamesa’ entre os dois países, afirmou também que “A China é extremamente preocupada com a segurança alimentar de seu povo, ela não pode se dar ao luxo de que 1,4 bilhão de pessoas que habitam o país não tenham comida na mesa. Então acho que a nossa relação, Brasil-China, é extremamente siamesa nesse aspecto. Nós somos grandes produtores de alimentos, a China precisa de alimentos, então a gente precisa trabalhar o tempo todo em cima dessa questão. É óbvio, uma vez ou outra acontecem divergências políticas em termos da arena internacional, mas são coisas que podem ser resolvidas dentro do pragmatismo e da flexibilidade que nós temos que ter”.

O vice-presidente aproveitou para criticar o ex-chanceler, Ernesto Araújo (pró-EUA), que foi muito crítico contra a China e prejudicou de certa maneira o relacionamento entre este país e o Brasil. Mourão também defendeu os BRICS e que o conflito entre Rússia e Ucrânia tenham uma saída diplomática.

Quem paga a conta?

O que estamos vendo é um forte desalinhamento entre os interesses do imperialismo americano com a burguesia nacional dos países latino-americanos. No caso de um conflito, as perdas econômicas seriam gigantescas. Haveria uma grande queda nas exportações, e a interrupção de importação de produtos manufaturados chineses forçaria a inflação, que já está bastante alta, para patamares ainda superiores.

A América Latina já está bastante polarizada, mesmo na Colômbia, país que é basicamente um quintal dos EUA, no qual elege sucessivos governos fantoche, o candidato mais à esquerda, Gustavo Petro, lidera com ampla folta. No comício de encerramento da campanha neste domingo (22), lotou a praça Simon Bolívar com uma enorme multidão.

Um eventual conflito militar dos EUA com a China poderá fazer explodir as convulsões sociais em todo o continente. As manifestações no Chile, por exemplo, foram contidas com muito esforço, foi preciso chamar uma Constituinte, eleger um presidente de “esquerda” e que mesmo com pouquíssimo tempo de governo já vê a rejeição a seu mandato despencar.

Os países que costumeiramente foram esmagados pelos EUA, diante de seu visível enfraquecimento, vide a derrota no Afeganistão, estão experimentando uma rebeldia quase inédita. Não parece haver disposição para pagar por uma crise que não interessa a ninguém.

Brasil, presidenciais

O Brasil é o principal país da América Latina, portanto, podemos esperar que os EUA tentem de toda maneira evitar um governo de cunho nacionalista, como o que tende a ser sob o comando de Lula. Já temos visto inúmeras movimentações, seja da parte de governo Bolsonaro, seja do STE/STF, para ver quem controla o sistema eleitoral.

A esquerda, como sempre, continua dormindo em berço esplêndido. Vive um clima de “o amor venceu” enquanto a direita e a extrema-direita estão se preparando para a guerra, basta ver a inúmeras divergências que estão reduzindo a escombros partidos como o PSDB.

Diante disso, a tarefa da esquerda é jogar peso na formação de Comitês de Luta. Ao mesmo tempo, a CUT tem que levar adiante a luta pela geração de empregos, por um salário mínimo digno e a não privatização da Petrobrás. A radicalização, e não uma campanha ‘água com açúcar’, é que vão mobilizar a classe trabalhadora e eleger Lula à presidência.

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