Avessos a qualquer queda do preço dos produtos dos frigoríficos, mesmo com a queda no preço da arroba do boi, a carne continua tendo seu preço elevado.
Uma das maiores compradores da carne brasileira, a China, há um mês e meio suspendeu a compra da carne bovina do Brasil e o preço do boi gordo teve uma queda devido à redução das exportações.
Já são 49 dias em que toneladas e toneladas de carne estão paradas, tanto nos portos, quanto nos frigoríficos.
Conforme noticiado na imprensa, o Brasil exportava no ano de 2020 o equivalente a 8,1 mil toneladas de carne. No mês de outubro deste ano, a exportação teve uma redução de 3,6 mil toneladas, enquanto que no mês de setembro foram exportados 8,9 mil toneladas dia.
Estima-se que 112 mil toneladas ou estão a caminho, ou estão paradas nos postos alfandegários da China.
Essa é uma política rotineira dos grandes monopólios do setor industrial dos frigoríficos de, a cada momento, criar uma situação para aumentar cada vez mais o lucro. Os frigoríficos, a exemplo da JBS/Friboi, BRF-Brasil Foods, Marfrig, Minerva e muitos outros, sendo, em sua quase totalidade, ligados a bancos, nunca deixaram de lucrar e muito.
Tragam dólares para casa
Quando se deu a divulgação da pandemia, no início de 2020, os donos tanto da JBS, quanto da BRF, que já exportavam imensa quantidade de toneladas de carne para o país asiático, comemoraram porque as exportações iriam aumentar ainda mais e foi de fato o que ocorreu. Os trabalhadores, mesmo sem as devidas condições de trabalho, o que foi agravado pelo Coronavírus, onde um contingente enorme dos operários contraíram a Covid-19, tiveram que se desdobrar para dar conta da produção. Os patrões do setor, negligentes com essa situação, não deram a mínima para seus trabalhadores, tratados como escravos.
A exemplo do que disse a latifundiária, golpista e ministra da agricultura do governo Bolsonaro, Tereza Cristina, em 2020, que os setores de alimento “tragam dólares para o país”, em alusão a não dar trégua aos trabalhadores diante de uma pandemia que, numa categoria de cerca de 500 mil trabalhadores, infectou metade, os patrões se utilizam de todos os artifícios possíveis e imagináveis, como o da especulação financeira praticada pelos capitalistas brasileiros, que buscam medidas para manter o preço da carne mesmo que a oferta esteja maior que a demanda, já que a carne está “represada”. Como o setor é dominado por monopólios que possuem um enorme poder de barganha e pressionam o Estado brasileiro, eles podem criar várias situações para não baratear os preços, que seria o normal. Eles tentam empurrar a carne para os chineses por outros países, buscam fazer contratos futuros, estocar parte da carne, dar férias coletivas, começam a demitir nos frigoríficos, como ocorreu em vários abatedouros de frango da BRF e JBS, por exemplo.
Outro exemplo é o que disse Lygia Pimentel, CEO da consultoria Agrifatto, de que, com mais carne no mercado brasileiro, o preço da arroba bovina deve cair ainda mais.
Ela afirma que segunda-feira (18), a cotação do boi gordo chegou a R$ 267,8, o menor valor diário desde o dia 30 de dezembro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. Em 28 junho deste ano, a arroba chegou a bater recorde de R$ 322.
“Esse movimento, entretanto, não deve se refletir ao consumidor. De janeiro de 2020 a agosto de 2021, por exemplo, o preço do boi subiu 60%, enquanto nos mercados subiu 40%. Então acredito que o varejo vai aproveitar esse momento para recompor margem [de lucro]”, (G1 – 19/10/2021)
‘Carne de ossos’: cortes de terceira também ficaram mais caros
Ou seja, tudo para manter os preços altos, como está ocorrendo neste mês de outubro, onde nas últimas semanas, o produto teve um aumento de 0,62% e, de 2020 até hoje, o preço da carne já triplicou.
Um dos principais exemplos é o lucro em que os frigoríficos obtiveram no último trimestre, como o JBS, com R$ 4.4 bilhões e o Marfrig R$ 1.7 bilhão, ou seja, o único objetivo é de aumentar o volume de suas contas bancárias.
É preciso que os trabalhadores tomem os meios de produção.