Realizou-se ontem, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, o lançamento, pela Fundação Perseu Abramo, vinculada ao Partido dos Trabalhadores, do livro “Brasil: 5 Anos de Golpe e Destruição”, com a presença dos ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.
A atividade foi realizada justamente na data em que marca os cinco anos da ratificação pelo Senado Federal do golpe de Estado que derrubou a primeira mulher eleita presidenta da República, em 31 de agosto de 2016.
A cerimônia foi acompanhada pela internet por milhares de pessoas e dela participaram dirigentes do PT, como a presidenta nacional do Partido, Gleisi Hoffmann, ex-ministros, deputados, senadores e lideranças sindicais e populares.
A maioria das intervenções lembrou o caráter arbitrário do impeachment, realizando sem que a presidenta tivesse cometido qualquer crime, seu caráter golpista e as duras consequências da vitória da direita em 2016, que levou o País ao maior retrocesso de toda a sua história.
O ex-presidente Lula ao criticar o impeachment que, segundo ele, foi uma resposta aos programas sociais dos governos do PT e foi amplamente apoiado pela imprensa golpista, afirmou: “Subsidiar pobre é um problema porque o dinheiro do subsídio precisa ir para subida o agronegócio”.
Em torno do encontro e de conversas de Lula com lideranças sindicais e populares, havia a expectativa de que pudesse ser anunciada a participação do ex-presidente no ato do próximo dia 7. Nessa data, a direita bolsonatista está convocando atos em favor do golpe de Estado, do aprofundamento da ditadura que o regime golpista impôs ao País e que sob Bolsonaro colocou mais de 6 mil militares em postos de comando do governo. Tudo com o apoio da burguesia golpista e seus partidos tradicionais que derrubaram Dilma, armaram a segunda etapa do golpe com a condenação e prisão ilegal e criminosa do ex-presidente Lula, o que garantiu eleições fraudulentas , nas quais toda a direita se unificou em torno de Bolsonaro, diante do fracasso dos demais candidatos e partidos, para derrotar o candidato substituto de Lula.
Agora, essa direita, que faz campanha em favor de uma “terceira via”, visando tirar Lula da disputa, mais um vez, está impulsionando a campanha bolsonarista. Seja atacando o presidente fascista e seus apoiadores com ações de violação da Lei (prisões sem condenações, censura etc.), seja deixando em suas mãos a defesa de reivindicações democráticas, como voto impresso, que ele não defende até as últimas consequências. Ao mesmo tempo, essa direita evidencia que Bolsonaro ainda é uma de suas alternativas, quando lhe entrega a Avenida Paulista para desfilar com seus apoiadores em favor do golpe e tenta proibir, por meio do governador João Doria, que a esquerda não realize manifestações.
Tudo para evitar a polarização real, entre a esquerda, representante dos trabalhadores – liderada eleitoralmente pelo ex-presidente Lula – e a direita, chefiada por Bolsonaro; e, desta forma, tentar abrir caminho para a frente ampla golpista e seus candidatos da “terceira via”, neste momento – preferencialmente – o próprio Doria.
A tentativa de impedir a manifestação da esquerda da parte do governador tucano evidencia que longe de ser um obstáculo à ditadura que Bolsonaro e seus milicos querem impor – como querem fazer crer certos setores da esquerda pequeno-burguesa – Doria e sua frente ampla apenas disputam o comando da ditadura, mas comungam da mesma política, como já ficou demonstrado à exaustão em outros episódios e acontecimentos decisivos em que essa direita tradicional se juntou a Bolsonaro para derrotar os trabalhadores.
Essa situação, confirmou o acerto da luta contra a política de frente ampla e pela derrota da tentativa desses setores se infiltrarem nos atos da esquerda, para – de fato – apoiarem Bolsonaro. Tornou também ainda mais evidente o caráter covarde e reacionário da política de setores da esquerda, como o deputado Marcelo Freixo, ex-estrela do PSOL e hoje no PSB, que defendeu que a esquerda não saia às ruas no dia 7 de setembro, mostrando a sua “coragem de ser covarde”, tão ao gosto de Doria e da “terceira via” que, de fato, defendem juntos.
Acertadamente, o Movimento Fora Bolsonaro decidiu que o ato será no Anhangabaú, independentemente da vontade das duas alas da direita golpista.
A tarefa é impulsionar a mobilização, contra a ditadura de Bolsonaro e de João Doria. Ambos representam dois lados da mesma moeda. Fascistas, inimigos do povo e defensores da ditadura. Isso é ainda mais necessário quando os setores da burguesia ligados a Doria tentam um golpe em 2022 para derrotar Lula e Bolsonaro, esmagando a esquerda e colocando o principal setor da burguesia golpista no governo.
É preciso arregaçar as mangas e passar a uma ampla convocação dos trabalhadores e da juventude, nos locais de trabalho, estudo e moradia, principalmente nos bairros operários e locais de grande concentração.
A participação de Lula na convocação e no próprio ato, sem dúvida alguma, pode ser um fator potencializador da mobilização e irá transformá-la em um fator para levantar um movimento ainda mais amplo contra a ditadura no País; mobilizando a única forca real capaz de detê-la: a mobilização nas ruas da classe operária e das suas organizações de luta.
Que todos os setores organizados da esquerda se pronunciem pela presença de Lula e pelo fortalecimento da mobilização, com uma ampla convocação dos explorados.
É nas ruas que se derrota a ditadura e a direita.