O Partido da Imprensa Golpista (PIG) intensificou ao longo desta semana os ataques contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, centrando fogo nas suas declarações contrárias ao cerco que o imperialismo faz aos países governados pela esquerda na América Latina e contando para isso com o silêncio e/ou a cumplicidade de setores da esquerda que, cada vez mais, se mostram alinhados com a política do imperialismo para a região.
O “crime” de Lula desta feita teria sido suas declarações na entrevista para jornal El País, na qual ele ironizou o cínico posicionamento da imprensa burguesa, que chama os regimes da Nicarágua, de Cuba e Venezuela de ditaduras e apoia o criminoso bloqueio econômico contra os povos desses países. Na entrevista, Lula apenas rebateu a jornalista e comparou os distintos tratamentos dados ao presidente nicaraguense, Daniel Ortega (recém reeleito para o cargo), com a chanceler Angela Merkel, no poder por 16 anos na Alemanha.
Expressando o pensamento dominante na imprensa capitalista, a jornalista ainda tentou provocar o ex-presidente dizendo que nos países “democráticos” não se prende opositores, cinicamente deixando de lado que o próprio Lula ficou por 580 dias na prisão, condenado em processos ilegais e arbitrários, por crimes que não cometeu, apenas para garantir que a direita “ganhasse” as eleições e levasse adiante o regime golpista imposto em 2016, justamente com a derrubada da presidenta eleita por mais de 54,5 milhões brasileiros, Dilma Rousseff; o que se deu também, depois da prisão e perseguição de vários dirigentes do PT.
Lula ainda lembrou:
“Sabe, eu não posso julgar o que aconteceu na Nicarágua. No Brasil, eu fui preso. Fiquei 580 dias preso para que o Bolsonaro fosse eleito presidente. Eu não sei o que as pessoas fizeram [na Nicarágua] para que fossem presas. Se o Daniel Ortega prendeu a oposição, como fizeram comigo no Brasil, ele estará totalmente errado”. [Isso quando Lula sabe, claramente, que os motivos que levaram à prisão dos traidores do povo nicaraguense nada tem a ver com o que fizeram com ele.]
Ao contrário de setores da esquerda que atacaram a Nicarágua, a Venezuela e até Cuba, como parte de sua política de aproximação (em alguns casos até financeira) do imperialismo e da defesa da “frente ampla” com a direita golpista, súdita do imperialismo no Brasil, Lula defendeu a Nicarágua e atacou a direita e seus crimes contra o povo brasileiro e dos demais países latino-americanos.
Enquanto a direita pressiona Lula para se deslocar à direita, aceitando um vice golpista, atacando os governos da esquerda, apoiando o bloqueio contra Cuba etc., o ex-presidente, ainda que de forma limitada e conciliadora, como lhe é peculiar, está claramente começando a atacar o imperialismo.
Nesse caso, como em tudo que diz respeito à vida dos trabalhadores, dos povos oprimidos pelo imperialismo, mais valem as declarações da maior liderança popular do País, do que os grunhidos da esquerda, radical em palavras, especializada em atacar ferozmente “touros dourados” e estátuas, mas que não move uma palha para impulsionar a luta real dos trabalhadores e em solidariedade ativa aos povos oprimidos pelo imperialismo.
Ao contrário de buscar destacar os limites da política de Lula, neste momento, a tarefa central da esquerda classista e revolucionária, das organizações de luta dos trabalhadores, é levantar um programa de lutas em defesa das reivindicações democráticas dos povos oprimidos contra a ofensiva golpista do imperialismo em nosso País e em todo o continente.
Fora o imperialismo da América Latina!
Todo o apoio à luta dos povos da Nicarágua, Venezuela e Cuba contra o criminoso bloqueio dos EUA e de todo o imperialismo.
Abaixo a intervenção e à política golpista dos EUA e dos seus consorciados em nosso Continente.