A esquerda com o passar dos anos, infelizmente, tem se mostrado cada vez menos ideológica e militante, tendo cada vez menos escrúpulos e cada vez menos uma política de princípios, algo que reflete a sua decadência e o seu desespero frente à crise que se aproxima.
Desde o golpe de 2016 vimos as direções decaírem nesses quesitos, adotando política errada atrás de política errada, coisa que cobrou o seu preço, visto que tivemos organizações que praticamente desapareceram em decorrência de sua política errática, como é o caso do PSTU, e outras que perderam totalmente a identidade, passando a comer na mão da burguesia quase que integralmente, como é o caso do PCdoB.
Um reflexo disso na situação política já aparece quando verificamos a política que essas organizações estão levando adiante para as eleições de 2022. Estamos vendo um verdadeiro show de horrores político no que diz respeito às eleições, pois agora os cargos estão em jogo, e essas direções estão novamente em busca de garantir o seu pedacinho da verba do estado.
Isso é de lei, toda eleição no último período tem sido cada vez mais assim, porém, inversamente, as disputas políticas têm se tornado cada vez mais sérias, e as suas implicações têm se tornado cada vez mais expressivas. As eleições de 2022, apesar de ainda nem estarem acontecendo, já estão servindo para exemplificar esse problema, pois a irresponsabilidade política dos partidos de esquerda diante da situação é gritante.
A esquerda está agora em fase de formar suas alianças, e aparentemente, todo o papo furado de “luta encarniçada da democracia contra o fascismo”, “Bolsonaro é o fim do mundo” e “união dos setores civilizados contra a barbárie” se foi, pois, da maneira mais cínica possível, essas organizações decidiram que agora têm a base mais sólida de princípios, e estão fazendo mil e uma reivindicações programáticas e oportunistas como chantagem política para dar o seu apoio a Lula, que neste momento, cairia como uma luva no posto de “mal menor”, que serviu em 2020 para justificar todo e qualquer tipo de aliança absurda, e inescrupulosa, como o apoio a Eduardo Paes para a prefeitura do Rio de Janeiro, mas agora, magicamente, essa deixou de ser a linha política da esquerda, apesar de Lula ser, não uma opção, mas a única opção eleitoral capaz de frear Bolsonaro de destruir esse país por mais quatro anos.
As organizações da esquerda têm de largar o oportunismo e se situar nesse momento político, pois a situação é grave demais para ficar brincando de joguinho parlamentar, não é momento para ficar fazendo tamanha palhaçada. Se a esquerda nacional ainda tem realmente como objetivo tirar Bolsonaro do poder, ela tem de se unificar incondicionalmente em torno da candidatura de Lula e tem de parar o namoro com a direita que deu o golpe de 2016.
Se a coisa continuar assim, é um atestado de óbito do caráter da esquerda, pois é uma demonstração cabal de que os cargos no Congresso e os interesses pessoais das direções estão acima do interesse coletivo das bases que estão na rua.