Na última sexta-feira (19), o dono do canal DCM TV, Kiko Nogueira, veio a público atacar, caluniar, ameaçar e difamar o PCO e os setores mais combativos da esquerda nacional. Entre eles, o petista André Constantine, destacado por sua posição intransigente em relação à dissolução da Polícia Militar, à candidatura de Lula e ao combate à frente ampla.
Kiko Nogueira acusou André Constantine de ameaça de morte. A prova? Um vídeo em que o petista aparece dizendo que a esquerda está “palmeando” os “frente amplistas” e que, quando houvesse uma revolução, os “frente amplistas” seriam os primeiros a serem “pegos”. Constantine cita nominalmente ─ embora de passagem ─ Kiko Nogueira como um “frente amplista”, uma vez que o dono do DCM está claramente favorecendo a candidatura de Guilherme Boulos. Tudo é dito em um tom exaltado, assim como praticamente todos os discursos de André Constantine.
Qualquer pessoa que não esteja má intencionada será incapaz de ver qualquer ameaça no desabafo de André Constantine. Muito pelo contrário: é apenas a crítica de um favelado, perseguido pela polícia, àqueles que se dizem de esquerda, mas estão, conscientes ou não, sabotando a luta contra os de cima. Até sua linguagem é um produto da situação em que vive: Constantine não é um intelectual, é apenas um militante negro e pobre, que fala como um negro e pobre e que não poderia falar de outro modo, uma vez que não teve as mesmas oportunidades que Kiko Nogueira.
O chilique de Kiko Nogueira é o chilique da burguesia e da classe média contra o negro pobre e favelado. É o mesmo tratamento de quem vê um negro “mal vestido” em um restaurante e chama o segurança. É a mesma mentalidade do PM que diz que matou porque “tinha cara de bandido”.
O que mais chama a atenção, no entanto, é que Kiko Nogueira integra uma fauna que diz publicamente que o negro é sagrado e intocável. Em seu guarda-chuva empresarial e psolista, Kiko Nogueira agrupa, seja por meio de seus convidados, patrocinadores ou leitores, os chamados identitários. São aqueles universitários que são capazes de lhe mandar à forca, se tal poder tivessem, por usar a expressão “denegrir”. Que exigem que fale em “indivíduo escravizado”, e não “escravo”.
A atitude de Kiko Nogueira mostrou, no entanto, que tudo isso não passa de papo furado e mera demagogia. Os chavões identitários servem apenas como uma “carteirada” do “politicamente correto”: é um passaporte de picaretas profissionais para subir na vida pisando na cabeça de quem não seguir sua cartilha.
Quando se trata de um ataque real contra um negro de verdade, que vive a vida de um negro do século XXI, sofre o sofrimento de um negro do século XXI e fala como um negro do século XXI, os identitários estalam os chicotes.