Os atos do dia 12 de setembro convocados pelo MBL, Vem Pra Rua, PSDB e demais partidos burgueses foram um fiasco. Reuniram uma quantidade muito pequena de pessoas, o que causou constrangimento até mesmo entre as lideranças.
Ficou evidente que a direita golpista não tem base social para realizar mobilizações de massas no Brasil. Uma manobra foi cooptar setores da esquerda, como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que sabotou o ato da esquerda do dia 7 de setembro para participar do ato da direita de 12 de setembro. A deputada estadual Isa Penna representou o PSOL no ato dos coxinhas – apesar de resolução contrária do próprio partido – e falou no palanque montado pelo MBL na Avenida Paulista. O PDT de Ciro Gomes e o PSB, dois partidos de direita que buscam se passar como esquerdistas, participaram do ato.
Figuras execráveis e inimigos declarados dos direitos do povo compareceram ao ato para aparecerem como “democratas” e opositores à Jair Bolsonaro, tais como Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Joyce Hasselmann (sem partido) e até mesmo o governador João Doria (PSDB). Este último é o escolhido da burguesia para ser a alternativa à Bolsonaro.
A direita tradicional chegou à conclusão de que precisa atrair mais setores da esquerda, em particular o Partido dos Trabalhadores (PT) e suas bases, para realizar grandes atos. Contudo, a participação da esquerda nos atos da direita golpista e neoliberal encontra feroz resistência entre as bases petistas. O partido que mais conscientemente rejeita a política de frente ampla e as manobras da direita para apropriar-se do movimento dos trabalhadores é o Partido da Causa Operária. Por isso, os frente-amplistas se movimentam para tentar remover o PCO dos atos.
Primeiro, a direita tentou se infiltrar no movimento com o verde-amarelismo e o chamado a “atos cívicos”, “como os das Diretas Já”. Essa política foi francamente combatida pelo PCO em todas as oportunidades. Por isso, os setores frente-amplistas, em especial o PCdoB e setores do PSOL, iniciaram uma verdadeira campanha contra o PCO dentro do movimento, com sabotagens e calúnias sistemáticas. Tal situação se agravou sobremaneira após o entrevero com o PSDB do dia 3 de julho, em São Paulo, quando a imprensa capitalista de conjunto passou a atacar o partido.
Agora, com o sucesso da demonstração de força do bolsonarismo e o fracasso das manifestações da terceira-via, uma nova ofensiva está sendo montada para tentar neutralizar o PCO, que é o único partido da campanha Fora Bolsonaro que acabadamente rejeita a frente-ampla.
Uma reunião está marcada para a quarta-feira, 15 de setembro, com a finalidade de tentar costurar um acordo com setores da esquerda para a realização de um ato conjunto no dia 15 de novembro com partidos golpistas e grupos fascistas como o MBL. A ideia é criar uma nova direção para o Movimento Fora Bolsonaro com PT, PSOL, PSB, PDT, PCdoB, Cidadania, Solidariedade, UP e Rede, porém sem a participação do PCO, PSTU e PCB.
Teríamos, assim, uma frente formada com os critérios do cretinismo parlamentar do “voto” e da “representação no congresso”, dois critérios sempre utilizados pelos oportunistas para tentar atacar os revolucionários. Embora o PSTU e o PCB também estejam sendo boicotados, fica claro, diante de toda a lógica da situação e da total nulidade política de ambos, que toda a manobra é dirigida contra o Partido da Causa Operária. A farsa fica mais evidente com a participação da UP na reunião, um partido que não passa nos critérios do cretinismo parlamentar.
É um golpe contra a direção do movimento Fora Bolsonaro que está sendo preparado pela direita tradicional e pelos setores frente-amplistas da esquerda. Para conseguir cooptar a base da esquerda, os direitistas “democráticos” sabem que é preciso neutralizar a ala mais combativa e classista do movimento e, no limite, expurgá-la. Só assim será possível transformar os atos Fora Bolsonaro em comícios para os candidatos da burguesia tradicional, a “terceira via”. Trata-se de mais uma manobra fraudulenta e antipovo.
A Frente Ampla é a aposta da burguesia para fabricar um possível sucessor de Jair Bolsonaro. Esta política significa a subordinação dos partidos de esquerda, sindicatos e do movimento operário aos partidos burgueses tradicionais “civilizados” e “democráticos”. Isso explica a ânsia dos partidos burgueses em atrair a esquerda: o projeto é subordinar o movimento Fora Bolsonaro aos seus próprios interesses de classe. Em última instância, o significado seria o de desfigurar os atos de seu conteúdo de classe e de luta pelos direitos dos trabalhadores.