A emoção é uma inimiga da política. É por isso que uma das principais maneiras que a burguesia encontrou para manipular a população é a histeria. Foi assim no fascismo. É assim hoje. Pela sua condição social e econômica, a classe média é a que está mais suscetível a essa manipulação. Foi assim no fascismo. É assim hoje.
A esquerda pequeno-burguesa, como representante de um setor da classe média, tem suas próprias emoções e histerias. A ideologia identitária foi criada pelo imperialismo com vistas e manipular esse setor de esquerda com uma histeria envolvendo uma falsa defesa da mulher, dos LGBTs, negros etc.
Essa histeria está dominando a esquerda atualmente e fazendo-a abandonar princípios democráticos que sempre foram reivindicações importantes do movimento progressista.
Tanto é assim que a esquerda trocou essa defesa por uma política oposta: defender a repressão e o aumento de penas desde que isso esteja respaldado pelas concepções morais que e esquerda tem do mundo. Assim como a direita acredita que o Estado tem o direito de passar por cima de qualquer garantia democrática para punir um “bandido”, a esquerda defende a mesma coisa.
O caso do jogador Robinho é exemplar. Ele foi condenado em última instância a nove anos de prisão pela Justiça italiana por violência sexual de grupo cometida contra uma mulher. O caso teria ocorrido em uma boate de Milão em 2013.
A esquerda pequeno-burguesa brasileira não perdeu tempo. Rasgou qualquer defesa de direitos democráticos e regressou à Idade Média. Querem que Robinho seja queimado em praça pública, castrado, degolado, torturado. Tudo o que de pior se pode pensar.
O estupro é um crime brutal e é justamente isso o que facilita a histeria e a manipulação em torno do problema. A esquerda, ao invés de agir de maneira racional, troca seus princípios pela histeria tipicamente fascista.
Parte da esquerda quer que o Brasil extradite sumariamente Robinho para a Itália, sendo que o jogador não passou sequer por um julgamento na Justiça brasileira. Se o Estado brasileiro aceitar esse pedido, estaria passando por cima de um direito constitucional. Qualquer cidadão brasileiro estão proibidos de serem extraditados, é uma garantia que está no Artigo 5º da Constituição.
Alguém poderia dizer: e daí? E daí que se damos a brecha para que o Estado brasileiro – é sempre bom lembrar que estamos sob um golpe de Estado – passe por cima dessa garantia, a partir desse momento nenhum cidadão terá essa proteção garantida. Está claro que, não importa o crime, não importa o pretexto moral, passa por cima de um direito de um só pode resultar no ataque aos direitos de todos.
A esquerda de classe média, que só vê o seu próprio umbigo e é guida pela histeria imperialista, não entende isso e grita. Depois não adiante chorar nem gritar quando a coisa se voltar contra ela.