Depois de uma longa campanha para enfraquecer os atos Fora Bolsonaro por um lado e para entregar as ruas ao PSDB, setores antipetistas da esquerda agora caem de vez nos braços da direita tradicional ao aderir ao ato do MBL do dia 12/09.
O que une todos os grupos em torno do MBL nesse ato é a campanha em prol da terceira via, ou seja, da efetivação de um candidato de direita que aplique o programa neoliberal integralmente e sem os problemas colaterais provocados por um presidente de extrema-direita. Seria a consolidação do golpe de 2016.
Como não poderia deixar de ser, a terceira via envolve setores da esquerda e da direita. A esquerda entra para dar um verniz democrático e popular, a direita para financiar, comandar e colher a maior parte dos frutos eleitorais da manobra.
João Doria (PSDB) nem fez questão de disfarçar e tentou forçar que o ato da esquerda no dia 7/9 fosse transferido para a data agendada pelo MBL ao proibir o ato em São Paulo. Setores da direita, que vinham participando dos atos, em especial o PDT, já não apareceram no Vale do Anhangabaú na capital do estado. A contribuição do PDT de Ciro Gomes é no mesmo sentido do que ocorreu nas eleições de 2018, roubar votos do PT com um discurso semiesquerdista, em 2022 isso é essencial para viabilizar a eleição de uma figura como João Doria.
Parte da esquerda abraçou a tese impulsionada pela imprensa burguesa e desestimulou a militância a comparecer aos atos que se opunham frontalmente ao ilegítimo presidente. Dando continuidade à sua política capituladora, figuras dessa esquerda chamam a militância de esquerda a se unir ao comício eleitoral promovido pelos fascistas do MBL.
Orlando Silva (PCdoB) e Isa Penna (PSOL) já fizeram chamados pelas redes sociais, gerando crise dentro da militância dos seus partidos. O PCdoB tem sido mais abertamente a favor da terceira via, inclusive incentivando o uso do verde e amarelo para facilitar a infiltração da direita nos atos da esquerda.
No PSOL, por se tratar de uma colcha de retalhos, as divergências acabam vindo a tona mais publicamente e o presidente do partido negou a participação do partido especificamente neste ato do dia 12/9. No entanto, usou como justificativa que os atos de 12/09 “não foram construídos juntos” e já adiantou que um ato explicitamente aberto à direita está sendo costurado para outubro. Anteriormente, já havia defendido abertamente a integração do PSDB aos atos da esquerda e integrou uma campanha de difamação contra o PCO devido às críticas do partido a essa política de traição aos trabalhadores.
Para evitar o completo fiasco do ato, mesmo com toda a máquina de propaganda a favor, o MBL deixou de lado o slogan “Nem Lula nem Bolsonaro” e fez um novo chamado mais morno e despolitizado para tornar a participação de esquerdistas antipetistas mais discreta perante seu eleitorado. Mas o que une esses setores, fundamentalmente, é o combate ao PT. A direita tenta esmagar o maior partido de esquerda do país para abrir caminho para sua política neoliberal, já a esquerda pequeno-burguesa, viciada em cargos públicos, sonha que com isso vai absorver o eleitorado petista.