A última semana foi marcada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, um acontecimento que abalou as estruturas do imperialismo, e mostra a continuidade da tendência do enfraquecimento do seu domínio em países estratégicos do globo. Como se já não fosse um baque gigante a libertação do Afeganistão das garras do imperialismo, a Rússia nesta semana fez outro favor à humanidade ao desafiar-lo através da sua invasão da Ucrânia, que estava em vias de ingressar na OTAN, ameçando a soberania Russa. É importante lembrar que desde 2014, a Ucrânia é um estado fantoche do imperialismo na região, tendo seu governo sustentado através da força de milícias abertamente nazistas, oriundas de um movimento nacionalista que historicamente colaborou com Hitler na invasão da União Sovética e financiadas pelas potências imperialistas. Outro fator para se destacar, é o fato de que a invasão de Putin tem como um dos objetivos oficiais, a chamada desnazificação da Ucrânia.
Um dos fatores que mais espanta ao se olhar para o debate sobre os acontecimentos recentes é a postura da esquerda, que está neste momento fazendo um verdadeiro contorncionismo ideológico para se colocar contra a Rússia, sem apoiar diretamente a OTAN ou o próprio imperialismo, ou seja, está fazendo de tudo para se colocar junta ao imperialismo.
Um dos vários argumentos que é levantado nesse debate, é que é de uma extrema infantilidade política, é a colocação de que a Rússia, por ser o “agressor” neste conflito, não poderia ser apoiada, mesmo que contra o imperialismo. A colocação é mentirosa, pois, as ações do governo Russo são plenamente justificáveis como legítima defesa, visto que a Ucrânia estava em vias de ingressar na OTAN, algo que por si só é uma ameaça à soberania russa. Além disso, a colocação de que a Rússia não pode ser apoiada pois iniciou a guerra é um desvio do problema central, pois o que mais importa são os motivos concretos, materiais, para haver um conflito. É sempre assim. Se há motivos para um conflito, ele irá acontecer, não importa quem o inicie. E neste caso, o caráter é claro: um país atrasado que tem uma influência regional contra o imperialismo que quer sufocar o seu desenvolvimento e sua influência na região. Quando colocada às claras dessa maneira, fica muito simples tomar a posição correta diante de um acontecimento político que pode ser um divisor de águas para o próximo período.
Este é um dentre vários argumentos que a esquerda coloca como justificativa para bandear para o lado do imperialismo, mas demonstra, em grande medida, a falta de compreensão desses setores sobre a realidade concreta, e o funcionamento da política. Para eles, a luta de um país atrasado contra o imperialismo é tratada como uma briga entre dois colegas de classe em uma escola sob a ótica de uma diretora conservadora, ou seja, quem começou está errado, e acabou. Um simplismo desses é um erro político mortal e uma demonstração de profunda infantilidade e estupidez para se lidar com grandes problemas políticos relevantes para o nosso tempo.