No rastro da crise elétrica que muito provavelmente se instalará no País no segundo semestre, com a inevitável ocorrência dos apagões nas grandes cidades e demais regiões, o governo golpista, que ao invés de buscar soluções sustentáveis para não permitir que seja novamente revivido no Brasil o pesadelo do racionamento, está indo na direção contrária, privatizando a estatal responsável pela gestão da energia elétrica nacional – a Eletrobrás.
A consequência mais imediata desta política de rapina em favor dos grandes capitalistas é a ameaça de racionamento de energia no País, previsto para acontecer em setembro ou outubro. O nome que se dá a mais este golpe contra os direitos da população é “risco hídrico”, formulado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico.
O Órgão governamental criado para regular o setor – a Aneel – vem se colocando não como defensora dos interesses públicos, controlando e regulando a atuação das empresas privadas que já operam no fornecimento de energia elétrica em alguns estados, mas vem funcionando como uma espécie de subsidiária do setor privado, uma vez que está trabalhando para a Enel, empresa que praticamente já tomou conta dos serviços de distribuição de energia país afora, aumentando o preço das tarifas de luz por kWh consumido.
Como sempre, os burocratas do Estado que não sofrem e não sentem na pele os efeitos do racionamento e dos aumentos nas tarifas, encontram sempre um pretexto para ir adiante nas soluções que, via de regra, recaem sobre as costas dos trabalhadores e da população pobre. Neste sentido, os integrantes do já citado Comitê, reunidos no dia 27 de maio, reiteraram que “medidas de racionalização do consumo de energia já deveriam estar em marcha. Entre elas, retomar a bandeira vermelha na conta de energia elétrica dos consumidores” (G1, 28/5). Ou seja, a resposta à incompetência, à política de entrega do patrimônio público ao capital privado, é o ataque à população, aos direitos do povo trabalhador, que está obrigado a racionar a energia, diminuindo o consumo. Tudo isso por exigência do mercado, para a satisfação dos capitalistas, que lucram com o sofrimento da maioria da nação.
Toda essa encenação, todas essas justificativas apresentadas como medidas que deveriam ser adotadas para sanear o setor, evitar o racionamento e os futuros apagões nada mais são do que pretextos, uma desculpa esfarrapada para levar adiante o verdadeiro intento do governo neoliberal golpista dos militares e do corrupto “Centrão”, que não é outra senão consumar o golpe das privatizações que estão sendo anunciadas pelo senhor Paulo Guedes, inimigo do Estado e do povo brasileiro.
A luta em defesa do patrimônio público nacional, das estatais, das empresas públicas, deve ganhar a centralidade dos protestos da população que voltou a ocupar as ruas; das mobilizações que os trabalhadores e funcionários dessas empresas devem organizar para impedir a privatização, a entrega ao capital privado. A luta deve se dar também com a estratégia da ocupação dos locais de trabalho, medida eficaz para impedir a privatização.
Junto a essas medidas, é necessário uma ampla campanha de denúncia desse verdadeiro crime que o governo e a burguesia estão perpetrando contra a economia nacional e os interesses do povo. Ao mesmo tempo, é necessário exigir a imediata interrupção de todo o processo de privatização atualmente em curso, colocando na ordem do dia, também, a revogação de todas as empresas que já foram privatizadas, com a reestatização das mesmas, que devem passar para o controle dos próprios trabalhadores.