A esquerda pequeno-burguesa e frente-amplista atuou, desde o início, como elemento de sabotagem à mobilização de rua pelo Fora Bolsonaro. Em primeiro lugar, a esquerda se negava a sair às ruas com a desculpa da pandemia do COVID-19. A política que predominava se sintetizava no conhecido jargão “fica em casa”.
A partir da mobilização do 1.º de maio na Praça da Sé, em São Paulo, não foi mais possível impedir que a população saísse às ruas para protestar. Na sequência dos acontecimentos, a esquerda frente-amplista como o PC do B começou a introduzir a ideia de que os atos deveriam ser verde e amarelo e que se deveria substituir as bandeiras vermelhas dos partidos pelas bandeiras do Brasil. Preparava-se a infiltração da direita golpista – PSDB, MDB, MBL, VPR – no movimento.
Outro elemento da sabotagem foi a introdução dos partidos de direita com a ideia de que era necessário uma Frente Ampla da esquerda com setores da direita em prol da unidade contra o fascismo. Justificavam a aliança com os direitistas com o argumento de que havia contradições reais entre Bolsonaro e a direita tradicional e que isto deveria ser explorado politicamente. Contudo, esta mesma direita vota a favor de todos os ataques de Bolsonaro contra os trabalhadores no Congresso Nacional como a privatização dos Correios e da Eletrobras, Reforma Administrativa, minirreforma trabalhista, leilão dos campos de petróleo, ou seja, as tais contradições não se expressam nas principais questões políticas.
Naturalmente que a introdução dos elementos direitistas e golpistas terminaria com o esvaziamento e a destruição da mobilização de rua. A classe trabalhadora tem consciência do papel que a direita tradicional dita “civilizada” e “democrática” teve no golpe de Estado, na fraude de 2018 e na implementação da política neoliberal no País. É muito difícil travestir os promotores da miséria do povo em heróis da luta contra o fascismo.
No último ato de rua (02 de outubro), os elementos direitistas foram vaiados e hostilizados na Avenida Paulista, em S. Paulo, onde ocorria o ato nacional. Houve confrontos entre manifestantes da CUT e os capangas de Ciro Gomes. O PSDB municipal e o deputado Paulo da Força quase não conseguiram falar devido à hostilidade dos manifestantes. O fracasso da Frente Ampla fez com que os sequestradores do movimento decretassem o fim das mobilizações e cancelaram o ato marcado para acontecer dia 15 de novembro e não marcaram outra data.
A política de sabotagem da mobilização contou com o apoio e estímulo dos partidos da esquerda pequeno-burguesa. A infiltração dos direitistas, a desfiguração do caráter classista das mobilizações e seu esvaziamento foi obra de suas direções. Acima de tudo, o que aconteceu no Movimento Nacional Fora Bolsonaro foram sucessivos golpes contra as próprias bases.
Na atual etapa da luta é urgente a reorganização do movimento a partir das bases, com plenárias estaduais e municipais e participação ampla dos ativistas. É hora de dizer “chega!” a essas manobras. O repúdio generalizado a presença da direita nos atos demonstrou que a base não aceita esse golpe político.
Para isso, é preciso fortalecer o bloco vermelho e combativo das manifestações. Portanto, a iniciativa nesse sentido é a convocação da Plenária Nacional Fora Bolsonaro Lula presidente, que acontecerá nos dias 6 e 7 de novembro em São Paulo.
Essa plenária definirá as coordenadas políticas principais para o movimento, isto é, a defesa da destituição de Bolsonaro e a campanha por Lula presidente.