O mega empresário bilionário Elon Musk comprou o Twitter por US$ 44 bilhões. O negócio foi fechado nessa segunda-feira ao preço de US$ 54,20. Com isso, depois de nove anos atuando com capital aberto, a rede social passa a ser uma empresa privada, de capital fechado.
Mas o que significa exatamente essa notícia? Qual o interesse de Elon Musk em adquirir por um preço bilionário, uma das mais importantes e influentes redes sociais do mundo?
Certamente não estamos diante de uma ação meramente econômica. O interesse de Musk é principalmente político e está diretamente relacionado com a crise entre diferentes setores do imperialismo.
Sem esquecer que Elon Musk é um hiper direitista, um dos capitalistas que esteve por trás do golpe na Bolívia e em outros países, a compra do Twitter é, objetivamente, uma tentativa de um setor miniritário dos capitalistas internacionais de enfrentar a onda de censura que tomou conta da internet.
Musk se auto proclama um “defensor da liberdade”. Se por um lado estamos diante do típico discurso demagógico da extrema-direita, fato é que esse é o setor que está sendo mais prejudicado pela política de censura e cancelamento que os setores mais poderosos do imperialismo vêm colocando em prática.
Esses setores minoritários dos capitalistas internacionais têm sido vítimas dessa política dos setores imperialistas mais poderosos. Essa disputa está relacionada com o crescimento da extrema-direita, expressão política desses setores minoritários nos principais países. A política identitária é usada como propaganda ideológica para mobilizar setores da classe média contra a extrema-direita e justificar a censura e o cancelamento, com base no chamado politicamente correto, que servem para calar os adversários políticos.
O comunicado oficial de Elon Musk após a compra mostra o sentido política da transação:
“A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento, e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”
Além disso, Musk afirmou, para deixar bem clara sua política, que quer que seus “piores críticos” continuem se expressando no Twitter porque esse é o significado da liberdade de expressão. O recado está claramente endereçado aos defensores da política de caça às bruxas que tomou conta das redes sociais, orientada pelo imperialismo e divulgada pela classe média histérica, incluindo da esquerda pequeno-burguesa.
Além da compra, o fechamento do capital da empresa também é um indício de que pelo menos parcialmente e no início sua política de menor censura no Twitter deve ser colocada em prática. O fechamento do capital permite que a empresa esteja menos sujeita às oscilações da bolsa. São essas oscilações que empurram as empresas para uma determinada política, já que está frequentemente sob a ameaça de ter as ações desvalorizadas por conta de uma determinada política. Com o capital fechado, Musk pretende ter mais autonomia para colocar em prática sua política de liberdade de expressão, não sabemos até quando.
Se Musk, um bilionário direitista, cumprirá a sua promessa, não sabemos. O mais importante, no entanto, é a crise aberta no interior da burguesia imperialista. Os trabalhadores só podem se beneficiar dessa crise que é, na prática, um enfraquecimento dos setores mais poderosos do imperialismo.