Os acontecimentos na Avenida Paulista no dia 2 de outubro foram sintomáticos da radicalização popular contra toda a direita golpista e o repúdio à tentativa de uma parte da esquerda pequeno-burguesa (principalmente PCdoB e PSOL) de traficar a direita para o movimento Fora Bolsonaro.
A direita golpista convidada a falar no carro de som foi extremamente hostilizada. Paulinho da Força, Fernando Alfredo (presidente do PSDB da cidade de São Paulo) e Ciro Gomes foram fortemente vaiados e xingados pelos manifestantes.
Ciro Gomes, inclusive, teve de fugir escoltado, protegido pela PM e por bate-paus, que trocaram socos com militantes do PT e da CUT, revoltados com a presença do bolsonarista disfarçado de esquerdista.
Dados de pesquisa conduzida pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto, da USP, não deixam dúvidas sobre o que pensam os manifestantes: 94% dos que foram ao ato na Avenida Paulista são de esquerda e apenas 1% de direita, 71% não quer o MBL nos atos e 24% não quer nem mesmo o PDT. Além disso, 78% disseram que irão votar no ex-presidente Lula nas eleições de 2022.
Até a Globo admite que a direita não leva ninguém nos atos. 94% dos manifestantes são de esquerda e só 1% de direita. Além disso, 78% vão votar no Lula e 71% não querem o MBL nos atos. 1/4 não quer o PDT nos atos (se perguntassem de Ciro, o índice seria ainda maior) pic.twitter.com/ZoKTLTuJie
— Eduardo Vasco (@cheguevasco) October 4, 2021
Ficou evidente, por esses episódios, que a 3ª via (ou seja, a direita golpista) é amplamente repudiada pelo povo. Mas ela já sabia disso: contratou o carro de som mais caro do Brasil (200 mil reais, somado ao aparato de segurança) para se proteger dos manifestantes.
As bases do movimento Fora Bolsonaro não querem a presença da Força Sindical, do PDT e do PSDB e seus satélites. Se a coordenação do movimento fosse realmente democrática e ouvisse as bases, deveria, portanto, expulsar esses inimigos do povo de todo o movimento.
Mas o grande problema é que a coordenação do movimento não é democrática e não ouve as bases. Mesmo que, com a entrada em cena do PT e da CUT, ela esteja agora fora das mãos da esquerda golpista (PCdoB, PSOL etc), ainda é extremamente vacilante e burocrática.
Fala do PSDB no ato Fora Bolsonaro em São Paulo. O povo gritou: "Ei tucano, vai tomar no c***" pic.twitter.com/N6cyVwqOpQ
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) October 3, 2021
É preciso reorganizar totalmente o movimento, pela base. Ao invés de reuniões semissecretas, é necessário realizar amplas plenárias e assembleias, primeiro a nível estadual, e em seguida em nível municipal e, no caso das grandes cidades, também nos bairros. É preciso convocar as grandes massas populares a participarem ativamente do movimento, caso contrário nunca se tornará um movimento democrático.
Os trabalhadores, os estudantes, os camponeses, os sem teto, os ativistas e militantes, o povo da periferia, todos os oprimidos têm o direito de opinar e debater sobre os rumos da luta pelo Fora Bolsonaro. São eles quem devem controlar o movimento, e não meia dúzia de burocratas aliados da direita.
Esses são os que verdadeiramente querem a derrubada de Bolsonaro, e de todos os golpistas. São os grandes interessados em profundas reformas sociais que deem de comer ao povo faminto, que deem moradia aos sem teto, terra aos camponeses, emprego aos desempregados, educação aos jovens e o governo aos trabalhadores.
Nesse sentido, o Bloco Vermelho irá realizar, ainda este ano, uma plenária nacional aberta, para que todos os setores oprimidos da sociedade possam debater os rumos do movimento Fora Bolsonaro. Embora esteja longe de ser suficiente para garantir a democracia no movimento, é um passo importante no sentido de organizar pela base a luta popular.
Militantes da base do PT, operários da CUT e a esmagadora maioria dos manifestantes na Avenida Paulista repudiaram a presença do abutre golpista Ciro Gomes. No final, Ciro não apanhou. Mas os seus bate-paus fascistas (vejam o tamanho e a cor da camisa dos ciristas), sim. pic.twitter.com/3BWj8rqlwD
— DCO – Diário Causa Operária (@DiarioDCO) October 3, 2021