A censura avança a passos largos no Brasil. No começo, foram alguns malucos da extrema-direita. Depois, um partido pequeno, mas o mais ativo da esquerda nacional. O alvo mais recente do silenciamento foi o canal TV 247, do portal de notícias Brasil 247. Uma imprensa mais alinhada a posições esquerdistas, porém de caráter marcadamente moderado.
O motivo alegado: “discurso de ódio”.
Como denunciado pelo jornalista Leandro Fortes: “Um dia, eles vieram e censuraram o @PCO29. Mas como eu não era da Causa Operária, não me incomodei…”. Parafraseando o famoso poema do alemão Bertold Brecht “Primeiro levaram os negros”, Fortes relacionou a perseguição sofrida pouco antes pela imprensa do Partido da Causa Operária ao episódio atual. Por mais que o alcance do silenciamento seja menor, pois o canal da TV 247 permanece disponível, chama bastante a atenção porque não atinge um grupo considerado “radical”, mas uma imprensa “bem comportada”.
Depois da censura imposta pelo STF às redes sociais do PCO, parece que dessa vez o próprio Youtube tomou para si a atribuição de calar vozes inconvenientes. O tema que agrupa os vídeos censurados da TV 247 é o episódio da facada supostamente sofrida por Bolsonaro durante as eleições de 2018. O acontecimento foi tão suspeito que imediatamente pipocaram denúncias de que se trataria de uma operação de “bandeira falsa”, quando ocorre a simulação de uma ação conduzida por inimigos para se tirar proveito dos desdobramentos da ação.
A TV 247 publicou na íntegra o documentário “Uma fakeada no coração do Brasil” e realizou diversos programas acerca do tema. O editor-executivo e apresentador Aquiles Lins expôs que esse foi o caso num vídeo onde o mesmo participava: “Entre os vídeos da TV 247 censurados pelo Youtube está um do Dia em 20 Minutos, que eu apresento, cujo título é: Mídia não sabe lidar com o doc da fakeada”. De fato, a imprensa burguesa agiu em perfeita sincronia, como um bom monopólio, para ignorar completamente as importantes denúncias apresentadas no documentário.
Um erro bastante previsível de diversos setores da esquerda é acreditar que a censura estatal é algo pontual, que obedece a alguma limitação ou até que está a favor da população. Como quaisquer ataques aos direitos democráticos, os alvos iniciais são grupos menores e mais “radicais”. Setores mais amplos e moderados costumam pensar que estão imunes à restrição dos seus direitos, porém acabam se tornando os alvos principais quando a burguesia se decide por uma política de repressão. Justamente por atingirem um público maior, exercem maior influência e precisam ser rigidamente controlados quando a situação pedir.
O PCO já vem denunciando essa escalada da censura no Brasil desde quando ela começou a recair sobre pequenas figuras da direita bolsonarista. O atropelamento dos direitos de alguns “peixes pequenos” da extrema-direita, no entanto, animou uma parte da esquerda “bem comportada”. Agora que a TV 247 foi atingida, fica ainda mais claro que o alcance da censura é muito mais amplo do que poderia parecer à primeira vista. A esquerda precisa reagir imediatamente e “exigir o restabelecimento do conteúdo jornalismo derrubado”, como propõe a Nota da Executiva Nacional do PCO (leia na íntegra). É preciso lutar pelo reestabelecimento do direito à liberdade de expressão.
