Após muita insistência, com manobras e golpes, da esquerda frente-amplista de enfiar a direita nas mobilizações populares contra Bolsonaro, o último ato, do dia 2 de outubro mostrou o fracasso final dessa política. O povo presente na manifestação em São Paulo vaiou todos os direitistas, mostrando o repúdio a esses golpistas que agora querem se apresentar como oposição a Bolsonaro.
O principal repudiado foi Ciro Gomes (PDT). Além de receber uma vaia homérica, foi escorraçado no final do ato por militantes do PT e da CUT. Esse fato acabou abrindo uma fissura que parece ser incontornável. A necessidade de responder aos acontecimentos dificultou para Ciro manter sua pose esquerdista – pose que ele já mantinha com muita dificuldade. Ele atacou com ainda maior baixeza Lula, Dilma e o PT. Entre outras coisas, afirmou que Lula teria conspirado contra Dilma e que se arrependia de ter defendido – coisa que não fez de fato – a ex-presidenta do impeachment.
Dilma e Lula foram obrigados a responder também publicamente. A fissura entre o maior partido da esquerda e Ciro Gomes está escancarada.
Isso é importante porque Ciro é o mais esquerdista dos políticos direitistas, ou mais precisamente, é a ala esquerda da direita golpista. Ele é um típico político burguês de direita, que já passou por uma série de partidos da direita, e nos últimos tempos, por oportunismo e necessidade de encontrar um espaço próprio, se apresenta como de esquerda. Essa manobra conta com o apoio da imprensa golpista que precisa de um nome que seja infiltrado na esquerda para dividir os votos de Lula.
Transformaram Ciro, um político burguês neoliberal, em um progressista, nacionalista. Tudo para viabilizar a frente ampla, criando um Cavalo de Troia na esquerda contra Lula.
Mesmo com todo esse esforço para transformar Ciro num esquerdista, o movimento mostrou que rejeita massivamente a presença dele e de toda a direita. Fica clara a inviabilidade da frente ampla, ou seja, da política de acoplar a esquerda aos setores golpistas.
A tentativa de deixar a esquerda, que até agora foi quem fez os atos, a reboque da direita golpista, foi um fracasso. Não apenas pelo que dissemos acima, de que o povo rejeita amplamente isso, mas também pelo resultado dessa política: o esvaziamento dos atos.
É preciso rejeitar de uma vez por todas a frente ampla, a esquerda deve se unir ao povo para derrotar Bolsonaro e todos os golpistas.