No último final de semana aconteceram em todo o país e em algumas cidades estrangeiras as gigantescas mobilizações que levaram milhares de pessoas às ruas pelo Fora Bolsonaro, Lula presidente e reivindicações quanto à pandemia como vacinação e auxílio emergencial. A imprensa golpista, servindo seu papel de porta voz da burguesia, diante da imponência do povo na rua, tenta agora a todo custo vincular os atos a questões completamente alheias ao verdadeiro caráter da mobilização, e o principal ponto usado para isto é a decadente CPI da covid.
A CPI da covid foi montada pelo centrão direitista tão somente para chantagear e enfraquecer Bolsonaro eleitoralmente ao mesmo tempo em que tenta extrair deste circo um “salvador nacional” para representar a direita tradicional nas eleições de 2022. A atuação da direita neste sentido, no entanto, sobretudo com as participações de Renan Calheiros (MDB) e Omar Aziz (PSD), tem se mostrado um verdadeiro fracasso.
Até agora a CPI mostrou que não tem nada a ver com a pandemia, com a resolução dos problemas existentes e muito menos possui qualquer preocupação com as centenas de milhares de mortes pelo vírus ou os milhões na fome e no desemprego. A CPI, portanto, só serviu para mostrar esta farsa e a desmoralização da direita tradicional frente à extrema-direita, uma vez que não tem conseguido intimidar os bolsonaristas por meio da CPI.
Dada a situação, a manobra da burguesia agora é falsificar que os atos do povo realizados no dia 29 contra o massacre da população pelo regime, comandado não só por Bolsonaro mas principalmente pela própria burguesia, seriam resultado do “grande trabalho” da CPI e da direita tradicional “anti-bolsonarista”, em uma falsificação grotesca do que de fato são as mobilizações. Matérias do golpista Estado de S. Paulo chegam a afirmar:
“A detalhada exposição pública, na CPI da Pandemia, da irresponsabilidade do governo Bolsonaro na condução da crise certamente encheu muitos brasileiros de vergonha.”
“O apoio à CPI da Covid, em curso no Senado para apurar os erros do governo na gestão da crise de saúde, também foi estampado em cartazes e falas. Há expectativa de que os trabalhos da comissão possam contribuir para a responsabilização de Bolsonaro e sua eventual deposição.”
A tese é de que a CPI seria um motor para os atos de rua, que seriam tão somente contra Bolsonaro, uma vez que pela mesma tese, que a burguesia tenta empurrar goela abaixo, apenas Bolsonaro e a extrema direita seriam responsáveis pela catastrófica crise econômica e sanitária no país. Uma mentira escancarada uma vez que não só Bolsonaro, mas sobretudo a direita tradicional que tem mais controle sobre os aparatos do estado são responsáveis pela situação que tem levado ao massacre do povo trabalhador desde muito antes da pandemia ou do bolsonarismo existirem.
Os atos do dia 29 são resultado do árduo trabalho de mobilização das bases trabalhadoras e de esquerda, que estiveram nas ruas contra o regime durante toda a pandemia com os comitês de luta e conselhos populares enquanto alguns setores confusos da esquerda se deixavam enganar pela campanha direitista do “fique em casa”.
A mobilização que deu origem aos atos que a direita agora tenta deturpar deixou bem claro que não acredita nas saídas por dentro do regime golpista que controla a CPI eleitoreira e os parlamentares que não estão tão ávidos por alavancar o impeachment do Bolsonaro como fizeram com Dilma Rousseff.
Por isso a via utilizada foi a das ruas, para exigir o que é do povo, porque sabem que depois de mais de um ano de total descaso e enganação, que a vacina, o auxílio emergencial, o Fora Bolsonaro e a candidatura de Lula só serão realidade com a luta popular, e não por meio do parlamento golpista e tão inimigo dos trabalhadores quanto o próprio Bolsonaro.
É preciso deixar bastante claro este verdadeiro caráter das mobilizações e combater a tentativa rasteira da direita de se infiltrar nas iniciativas populares para conter a luta popular contra a burguesia e injetar seus mais escusos interesses assim como fez com as mobilizações de 2013, que graças à interferência burguesa se transformaram em uma arma da direita contra o povo. A esquerda não pode permitir que isto aconteça novamente, garantindo atos e mobilizações sem os inimigos dos trabalhadores, e contra eles!