A edição da Revista Veja dessa semana traz uma entrevista com o presidente fascista Jair Bolsonaro. Nela são abordados diversos assuntos, entre eles, a ameaça de um golpe de estado, sua candidatura em 2022 e o voto impresso e as urnas eletrônicas sob tutela das forças armadas.
A entrevista busca apresentar para o público um Bolsonaro mais “democrático”, que não existe. Essa tentativa de apresentar um Bolsonaro “amigável” expressa uma espécie de acordo momentâneo da burguesia com Bolsonaro, esse acordo evidencia que o problema central para a burguesia é o avanço da crise e o receio de uma explosão social diante da inflação, e até de uma revolta popular.
Bolsonaro, na entrevista afirma que não tem culpa das 600 mil mortes devido a pandemia de coronavírus, e que até estuda um auxílio de R$ 300,00 para a população no próximo ano, ignorando totalmente a situação do povo brasileiro diante da crise, da alta dos preços dos alimentos, de outros bens de consumo, o recorde de desemprego e de fome que assolam o país.
A reportagem não atacou o presidente fascista, pelo contrário, o tom de toda a matéria foi de realmente mostrar um presidente comedido, pronto para a reeleição. Sobre esse assunto, a revista afirma que se as eleições fossem hoje, Bolsonaro perderia para Lula. Ainda mais depois que pesquisas mostraram que 53% dos brasileiros rejeitam o governo e 39% não enxergam qualquer tipo de melhora. Vale lembrar que são dados divulgados pela imprensa golpista, a rejeição na população brasileira deve ser infinitamente maior. Sobre esses dados Bolsonaro rejeita todos e ainda afirma que:
“Pesquisa é uma coisa, realidade é outra. O que o outro lado faz?: “Oh, no meu tempo o gás estava tanto, a carne estava tanto”. Eles ficam jogando isso aí, ele pegou uma economia de certa forma arrumada do Fernando Henrique Cardoso. Nós estamos arrumando a casa, engordando o porquinho, espero que o lobo mau não coma o nosso porquinho. A gente quer o bem do Brasil. ”
O único porquinho que Bolsonaro está engordando é o dos banqueiros, além de ser fora da realidade afirmar que o governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso que deixou milhões de brasileiros na pobreza extrema teria deixado a economia organizada para o governo do PT.
Na realidade toda a entrevista é uma farsa, um Bolsonaro sério é apresentado para enganar os incautos, com destaque na afirmação de Bolsonaro estampada na capa da Veja, de que
“A chance de um golpe é zero”
Isso pouco mais de duas semanas depois de que o Bolsonaro comandou uma demonstração de Força da corja da extrema direita que o apoia, dentre outras coisas, pregando o golpe militar, em um contra ataque contra a pressão que vinha sofrendo de setores da direita golpista tradicional que controla o Judiciário e importantes setores do aparato do Estado.
Quem garante que não terá golpe? A Veja que é a revista do golpe Estado e que participou ativamente de todas as etapas da campanha golpista?
Não devemos nos deixar enganar. Quem garantirá a derrubada do governo de Bolsonaro e o risco de golpe de estado é a população nas ruas. Devemos convocar os atos e grandes blocos vermelhos para intervir nas manifestações e impedir que elas sejam controladas e derrotadas pelos setores da burguesia que querem preservar Bolsonaro, evitar a sua derrota e armar uma terceira etapa do golpe, de preferência – para eles – com a eleição de um candidato ainda mais reacionário e sem qulquer apoio popular, mas que seja apresentado como um “mal menor”em relação ao capitão fascista que eles colocar no governo com a eleição fraudulenta de 2018.
Se isso não for possível, eles todos – incluindo a veja – vão de Bolsonaro, mais uma vez.