A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos Precatórios foi aprovada em segundo turno na Câmara dos Deputados. Proposta pelo próprio presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, a PEC é, na prática, um calote nas contas públicas. O objetivo de Bolsonaro é empurrar uma série de compromissos da união com empresas e pessoas físicas, incluindo beneficiários da Previdência Social, para o próximo mandato pagar.
A PEC dos Precatórios foi a forma que Bolsonaro encontrou para driblar a PEC do Teto, um dos pilares econômicos do regime político golpista. Primeira grande medida econômica do governo Temer, que causou muita crise no regime, incluindo centenas de ocupações de escolas, a PEC propunha o congelamento de gastos por 20 anos. Tal projeto inviabilizaria — não fosse o calote da PEC dos Precatórios — a principal iniciativa eleitoral de Bolsonaro no momento, que é a implementação do Auxílio Brasil — um programa de assistência social no valor de R$400.
A preocupação do genocida Bolsonaro não é, obviamente, salvar a população da miséria. É, antes de tudo, uma tentativa de comprar o voto de uma parcela desesperada da população, apresentando-se como uma espécia de “pai dos pobres”.
Menos preocupada ainda está a burguesia, que é a dona dessas medidas temerosas de ajuste fiscal. Os setores mais pró-imperialistas, como o PSDB e a Folha de S.Paulo, dizem cotidianamente que todo ataque que Bolsonaro dispara contra o povo é pouco: é preciso ir além nas reformas da Previdência, trabalhista ou tributária. É preciso saquear mais, roubar mais, explorar mais. Por isso, a princípio, estavam contra a PEC dos Precatórios, uma vez que estavam contra o Auxílio Brasil e integralmente a favor da manutenção do Teto de Gastos.
Acontece que a maioria do Congresso Nacional não é controlada a mão de ferro pelo setor principal da burguesia. E Bolsonaro, que detém um aparato gigantesco — leia-se, o orçamento nacional — conseguiu comprar deputados suficientes para passar a matéria. No primeiro turno e, agora, no segundo turno.
Essa não é, nem de longe, a primeira vez que Bolsonaro compra o Congresso e, com isso, avança na situação política. Nas eleições para presidente da Câmara, conseguiu eleger Arthur Lira (PP) e, assim, desbancar Rodrigo Maia (DEM). Na votação sobre o voto impresso, obteve uma maioria, embora não conseguisse o número de votos suficiente para aprovar seu projeto.
Essa é, afinal, a tendência. Os “antibolsonaristas” do Congresso Nacional não passam de deputados. Isto é, de sujeitos tão fisiológicos que são capazes de vender a própria mãe por um cargo.