O PSDB lançou esta semana uma frente de fachada chamada “Bloco Democrático”. Trata-se de um golpe que busca aglutinar as organizações satélite dos tucanos, como Cidadania, PDT, PSB, Solidariedade, PV, Rede e “centrais” sindicais pelegas, assim como entidades ligadas a esses partidos, como os “movimentos” (leia-se ONGs financiadas por capitalistas) Acredito e Agora.
A surpresa foi a entrada do PCdoB nesse bloco, junto com suas organizações (CTB, UNE, JPL, UMES, UJS). Mas, se analisarmos bem, não é tanta surpresa assim. O partido “comunista” já havia sinalizado há muito tempo uma evolução no sentido de se integrar a um bloco hegemonizado e comandado pela direita.
O PCdoB tem sido o partido de esquerda que defende de maneira mais contundente a entrega da cabeça dos trabalhadores em uma bandeja para a direita. É quem articula a expulsão das forças mais combativas do movimento pelo Fora Bolsonaro e a infiltração do PSDB e da direita golpista nos atos.
Pois esse é o exato objetivo desse “Bloco Democrático” ─ que na verdade é um bloco tucano. Com esse bloco, o PSDB tenta de modo mais enfático penetrar no seio do movimento popular para sabotá-lo: primeiro, comendo pelas beiradas; depois, tomando o movimento de assalto.
Por isso o PSDB se protege nas cascas apodrecidas de partidos e organizações que têm um frágil verniz de esquerda, PDT, PSB e Força Sindical. Assim como o PCdoB, cuja direção se vê mancomunada com os golpistas, essas organizações prestam o serviço de uma tropa de choque política dos tucanos dentro dos atos. Como se já não bastasse a própria Polícia Militar!
Mas por que o PSDB faz isso?
Ora, já explicamos em demasia neste diário que o PSDB não quer o Fora Bolsonaro. O partido não assinou, até hoje, nenhuma das centenas de pedidos de impeachment do presidente fascista. Não faz sequer nenhuma propaganda pelo Fora Bolsonaro, com todo o seu aparato estatal.
A participação do PSDB nos atos é por conveniência. Tenta utilizá-los, já que uma parte da esquerda permite e colabora, para fazer propaganda eleitoral. A sua intenção é transformar o movimento em um grande comício para a chamada “terceira via”, impulsionada pela burguesia e cujo candidato predileto é o próprio PSDB. Mais precisamente, esse seria um comício de João Doria ─ perceba, leitor, que quem convoca oficialmente a direita a participar do ato é o diretório municipal de São Paulo do PSDB, controlado por Doria.
Logo, o PSDB destoa completamente da natureza da mobilização. Os atos são pelo Fora Bolsonaro nas ruas, por vacina para todos e auxílio emergencial digno. O PSDB é contra todas as reivindicações fundamentais dos manifestantes. Não deveria participar ─ até porque, se houvesse uma coordenação democrática do movimento que ouvisse a opinião das bases, perceberia que estas são radicalmente contra a participação do PSDB e da direita.
Porque o intuito é justamente sabotar a mobilização. O PSDB está dando um verdadeiro golpe na praça, começando pelo ato de São Paulo e espalhando-se pelos atos em todo o País ─ em Florianópolis, PDT e PCdoB articularam um golpe contra o PCO exatamente para abrir caminho para a direita, e o mesmo ocorreu no Rio de Janeiro.
O movimento popular não deve permitir tamanha afronta. Isso deve ser rechaçado veementemente. E a melhor maneira de fazer isso é fortalecendo o setor mais combativo da mobilização, isto é, contrapondo ao Bloco Tucano o Bloco Vermelho. Este último é o bloco no qual participam todos os militantes do PCO, dos Comitês de Luta, companheiros da base do PT e dos movimentos populares, e ao qual, neste dia 24, irá se juntar nada menos do que a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
Por Fora Bolsonaro e todos os golpistas ─ do governo e das manifestações da esquerda. Junte-se ao Bloco Vermelho e venha fazer parte da tropa de choque da mobilização popular.