Na semana passada ocorreu a Cúpula das Américas, evento que reúne governos de todo o continente americano. Os últimos dias do evento foram marcados pelo grotesco pedido de ajuda do presidente brasileiro Jair Bolsonaro ao chefe de Estado norte-americano, Joe Biden. Além disso, o presidente chileno, Gabriel Boric, que foi eleito no ano passado sob aplausos fervorosos de setores da esquerda, aproveitou o evento para atacar Cuba e Venezuela.
A Cúpula das Américas é, tradicionalmente, quase como um evento onde o imperialismo norte-americano procura assediar e ameaçar os países ao sul do continente. É um dos mecanismos do imperialismo para colocar em discussão sua política neoliberal, de destruição dos países oprimidos da América Latina, onde se negocia com os governos mais serviçais do imperialismo o alinhamento com os seus interesses. E, no caso dos que governos que não abaixam a cabeça, o imperialismo procura impor sua política na força bruta.
Em conversa com Biden, Bolsonaro solicitou ajuda para as eleições deste ano, destacando a necessidade de derrotar Lula, colocando em evidência sua subserviência e alinhamento com o imperialismo norte-americano. Bolsonaro já chegou até a bater continência para a bandeira dos EUA em outras oportunidades. Apesar de toda a demagogia, supostamente defendendo o interesse nacional, Bolsonaro é parte do golpe de Estado e, em diversas oportunidades, é abertamente pró-imperialista.
Do outro lado, tivemos também Boric, um esquerdista à la Guilherme Boulos e que, apesar de ter algum apoio pela esquerda, tanto no Brasil como em outros países da América, é outro capacho dos Estados Unidos. Na Cúpula, atacou a Venezuela se posicionando contra a migração de venezuelanos para o Chile, sem mencionar a crise pela qual passa a Venezuela por conta das sanções impostas pelo imperialismo. Além disso, criticou os governos de Hugo Chávez e do atual Nicolás Maduro. No caso de Maduro, destacou que é um governo autoritário e chamou o governo bolivariano de um sistema político incorreto.
Sobre Cuba, Boric declarou ser inaceitável “manter presas pessoas por pensar diferente”, uma declaração digna de um fascista, algo que poderia ter saído da boca de Bolsonaro, por exemplo. Como já vínhamos denunciando neste diário, Boric é mais uma ferramenta do imperialismo norte-americano. Um governo com aparência esquerdista, nos moldes para enganar os setores da esquerda pequeno-burguesa, extremamente confusos e desorientados.
Boric, Bolsonaro e Biden são três excelentes exemplos do golpismo na América Latina. A Cúpula das Américas, como de costume, serve para perpetuar a política golpista do imperialismo norte-americano e aprofundar os laços com os governos capachos. O evento demonstrou o servilismo de Bolsonaro, da extrema-direita e de Boric, da esquerda pequeno-burguesa, plenamente alinhadas com o governo dos Estados Unidos. Ambos andando de mãos dadas, firmes, com o que há de pior no mundo, uma aliança com os maiores inimigos da classe operária mundial.