Uma das medidas de maior impacto econômico, no que diz respeito à violação da soberania nacional do País, se deu recentemente, quando a Câmara Federal, em sua maioria dominada por parlamentares da direita golpista, aprovou o projeto de lei que garantiu a autonomia do Banco Central, o que, na prática, significa a entrega da administração do banco ao sistema financeiro internacional, fazendo do Brasil uma espécie de sucursal dos bancos estrangeiros.
A nova lei foi sancionada em março deste ano pelo presidente fraudulento Jair Bolsonaro, e garante o mandato do presidente do Banco Central, nesse momento presidido pelo neoliberal-entreguista Roberto Campos Neto. De acordo com as novas regras em vigor, Campos Neto teria seu mandato assegurado até 31 de dezembro de 2024; ou seja, dois anos após a posse do novo governo. Isto se configura como um verdadeiro golpe, pois, a rigor, quem assumir a cadeira presidencial em 2023, seja lá quem for, não poderá remover o titular do BC do cargo. Trata-se, evidentemente, de uma medida draconiana, totalmente arbitrária e antidemocrática, bem ao estilo do que vem fazendo os setores mais radicalmente entreguistas e pró-imperialistas que conduzem a economia nacional, sob a batuta do banqueiro “offshore” Paulo Guedes.
Esta “autonomia” sempre foi reivindicada pelos setores mais direitistas da política econômica nacional, notadamente os setores comprometidos com os grandes bancos estrangeiros, os verdadeiros beneficiários da vinculação do Banco Central às grandes instituições financeiras internacionais, que passam a ditar os rumos da política econômica do Pais, agora de forma oficial.
Sinalizando que irá rever a legislação, devolvendo a condução da política econômica às decisões do Estado, o ex-presidente Lula já acenou com a revogação da famigerada lei, o que vem despertando a ira da imprensa golpista, inimiga da esquerda e dos trabalhadores, totalmente alinhada aos interesses do grande capital estrangeiro na espoliação do País.
No entanto, a reversão da lei e o retorno do BC ao controle do Estado somente poderá se realizar sob a perspectiva de uma luta política contra os golpistas, conduzida por um governo sob o controle dos trabalhadores e das organizações populares, sem patrões, empresários e capitalistas. Quando a nova lei entrou em vigor, o PT chegou a ir ao STF contra a nova legislação, mas a ação foi derrotada por 8 votos a 2, evidenciando o comprometimento dos ministros da Suprema Corte com a criminosa operação de entrega do País à agiotagem internacional.
Desta forma, fica cada vez mais claro que a luta contra o golpe de Estado e todas as suas piores consequências para o País e os trabalhadores, a população pobre e explorada e as massas populares de uma forma geral, somente pode ser vitoriosa no marco de um enfrentamento não somente contra a extrema direita fascista e ameaçadora, mas também contra toda a direita liberal e a burguesia reacionária, igualmente entreguista, inimiga do povo trabalhador, da esquerda, e em particular do ex-presidente Lula.
É preciso garantir a verdadeira autonomia do Brasil diante dos parasitas internacionais que são os banqueiros. Isso passa, necessariamente, pelo controle total do Estado brasileiro sobre o Banco Central. Um governo dos trabalhadores deve ter essa política se realmente quer governar para a classe operária.