A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios/ECT) é lucrativa e repassou, nos últimos 20 anos, 73% dos resultados positivos acumulados à União. Entre os anos de 2001 e 2020, R$ 12,4 bilhões foram acumulados em lucros e R$ 9 bilhões repassados na qualidade de dividendos.
Os Correios não são dependentes do Tesouro. Pelo contrário, a empresa se mantém com recursos próprios, sem a necessidade de aportes de recursos públicos para fechar seus exercícios financeiros. Não existem registros de aportes de dinheiro público nos últimos 20 anos.
O governo fascista de Jair Bolsonaro (PL) enviou o projeto de privatização dos Correios (Projeto de Lei 591/21) em fevereiro deste ano à Câmara dos Deputados. Em agosto o projeto foi aprovado e, atualmente, aguarda apreciação pelo Senado Federal. Os partidos burgueses que controlam a Câmara (PSDB, MDB, DEM, Progressistas, Republicanos, PTB, SD, PL, PSC, PSL) também são maioria no Senado.
Até o mês de setembro deste ano, a ECT registrou lucro líquido de R$ 1,9 bilhão, conforme dados divulgados pelo jornal Valor Econômico. O lucro da empresa, que ainda não contabilizou os meses de novembro e dezembro, meses de maior demanda de serviços postais, fez com que a burguesia adiasse o projeto de privatização para ser concretizado somente em 2022.
Há uma divisão no interior da burguesia sobre o encaminhamento da privatização. O setor militar do governo (Marinha, Exército e Aeronáutica) expressa alguma resistência, na medida em que os militares ocupam cargos de confiança na direção da ECT e não querem perdê-los. A burocracia militar concebe os Correios como uma fonte de emprego público.
O movimento sindical, por sua vez, deve aproveitar as contradições no bloco político da classe dominante sobre os Correios e mobilizar os trabalhadores. É preciso se valer da brecha momentânea e denunciar os interesses monopolistas por trás do PL 591/21, repudiar a política de entrega do patrimônio nacional para o capital estrangeiro e alertar para a demissão massiva que isso inevitavelmente irá ocasionar.
A imprensa capitalista faz uma campanha em prol das privatizações, com o jargão de que as empresas privadas são mais eficientes e que as estatais são, em essência e por si mesmas, ineficientes. O elogio às empresas privadas é para convencer e ganhar apoio entre setores das classes médias. Entretanto, os dados divulgados comprovam que a manutenção dos Correios como uma empresa estatal está muito longe de ser inviável ou um peso para a União. Pelo contrário, a ECT é uma fonte de grandes lucros para o governo.
O único meio eficaz para barrar definitivamente a privatização é a mobilização dos trabalhadores nos locais de trabalho, com greves e ocupações. Os sindicatos devem abrir fogo imediatamente, deflagrar uma ampla campanha de agitação e propaganda e não cultivar nenhuma ilusão nas articulações e lobbys com os partidos políticos burgueses. É preciso reafirmar que os partidos burgueses aprovaram o PL 591/21 na Câmara dos Deputados.