A cada acontecimento importante na política nacional e internacional, vamos nos acostumando a assistir à esquerda pequeno-burguesa se adaptar profundamente à política do imperialismo. A orientação política desses setores da esquerda é dada pela imprensa golpista, que está a serviço do imperialismo.
É isso o que estamos vendo no caso da invasão da Ucrânia pela Rússia. A maior parte da esquerda protagoniza o lamentável espetáculo de se colocar contra os russos, numa frente única com toda a direita mundial. Nessa frente única anti-Rússia estão a direita tradicional, os bolsonaristas e o imperialismo.
Essa esquerda perdeu suas credenciais de esquerda ao abandonarem a luta contra o imperialismo como central de seu programa político. A Rússia, país oprimido, se defende da ofensiva da OTAN que pretende ingressar a Ucrânia em suas fileiras e assim ter um apoio às portas da Rússia.
Para se defender, a Rússia, depois de muitas tentativas de negociações que foram ignoradas pelo imperialismo, foi obrigada a invadir a Ucrânia.
Esses fatos não são suficientes para convencer essa esquerda pró-imperialista. Repete a propaganda mentirosa e calhorda da imprensa contra a Rússia. Ataca a Rússia e Putin como agressores cruéis.
Alguns lançam a cartada da paz. Para não ter que se colocar abertamente a favor do imperialismo e contra os russos usam a política pacifista tão vazia de conteúdo. Outros simplesmente apelam para o “nem nem”, apostando numa neutralidade que simplesmente é impraticável nessa situação. Outros, ainda, inventam a teoria de que a Rússia é imperialista, o que não tem base real mas serve para justificar os ataques aos russos.
Não estamos vendo apenas uma falência política da esquerda pequeno-burguesa mundial, mas também uma falência moral. Mostrando que estão seguindo fielmente as ordens do imperialismo, essa esquerda também adotou a política da indignação seletiva. Apenas a Rússia é agressora, Putin é um ditador e os ucranianos estão sofrendo.
Esqueceram os bombardeios diários promovidos pelos Estados Unidos no mundo todo. Esqueceram os golpes de Estado promovidos pelo imperialismo no mundo todo. E por falar em golpe, os que agora saem em defesa da “soberania” da Ucrânia parecem terem se esquecido que o povo daquele país foi vítima de um golpe em 2014.
O golpe promovido pelos Estados Unidos colocou no poder organizações nazistas. A população de origem russa se tornou um alvo desses nazistas. O golpe promovido pelos EUA tinha o objetivo de criar na Ucrânia uma base de apoio para os interesses imperialistas nas portas da Rússia.
Mas tudo isso parece não ter importância para a esquerda que agora se orienta pela imprensa de direita.