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Cretinismo parlamentar

A pobreza da esquerda

A esquerda parlamentar demonstra ser um dos bastiões ideológicos da democracia burguesa brasileira, que desmoronou com o golpe de Estado

A democracia burguesa e sua principal instituição, o parlamento burguês, constituem uma forma de Estado, isto é, um instrumento de dominação da burguesia contra a classe operária e as demais classes da sociedade. A burguesia necessitou, em determinado momento de seu desenvolvimento, criar uma ficção, um regime que supostamente expressaria a vontade geral, quando na realidade não passa de um instrumento para sua dominação. Desde muito também, que setores da esquerda deslumbram-se com as potencialidades ilusórias, que somente existem nas cabeças pequeno-burguesas, do regime representativo da burguesia.

Em meados do século XIX, Marx e Engels identificaram essa tendência incipiente na esquerda, uma vez que o parlamento e a democracia burguesa eram ainda uma novidade política na maioria dos países do mundo, e a classificaram corretamente de cretinismo parlamentar. A expressão designa em geral os que consideram que a democracia burguesa e o sistema parlamentar são o auge da evolução política da humanidade e a atividade parlamentar a única e principal forma de luta política em todas as condições.

Como um vírus, o cretinismo parlamentar se espalhou pela esquerda, notadamente pela esquerda-pequeno burguesa, que fez da participação nas instituições parlamentares da burguesia uma meio de ganhar a vida. A esquerda brasileira não ficou imune e mesmo hoje, em que a fina capa ideológica que encobre a democracia burguesa e sua instituição se rompeu, revelando que de fato são uma camarilha que atua junta contra o povo trabalhador brasileiro e contra a economia nacional em favor da burguesia nacional e internacional, há ainda setores de esquerda que lhes dão crédito.

Com pompa e circunstância, setores da esquerda comemoraram duas “grandes vitórias” advindas do Senado Federal, destacando o empenho dos parlamentares de esquerda nestas conquistas. O Senado rejeitou a MP 1045 proposta pelo governo e que foi turbinada na Câmara dos Deputados. A medida previa programas de emprego, cuja forma de contratação se daria sem direitos trabalhistas e com carga horária e salário muito abaixo do mínimo permitido em lei, uma espécie de subemprego. Também, por iniciativa da esquerda, o Senado aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 342/2021, que suspendeu os efeitos da Resolução 23/2018, da Comissão Interministerial de Governança Corporativa e de Administração de Participações Societárias da União (CGPAR), que impactava nos planos de saúde dos trabalhadores das estatais, uma vez que segunda as novas regras teriam de arcar com 50% dos custos, podendo muitos ficaram sem plano de saúde.

Na comemoração, inclusive destacando as ações dos trabalhadores e suas organizações junto aos parlamentares, está a ideia de que a ação parlamentar pelos meandros das instituições é frutífera. Enquanto isso a direita e a extrema-direita estão levando o país à bancarrota, o desemprego e a fome assolam o país, a inflação castiga o trabalhador, a direita por meio do STF tenta impor uma ditadura, cassando os direitos democráticos sob o pretexto de combater a extrema-direita, tudo para favorecer o candidato da terceira via, da direita tradicional nas próximas eleições. Em resposta, Bolsonaro insufla a extrema-direita que levanta a cabeça nos aparatos repressivos do Estado e ameaça todo o país. Uma crise sem tamanho.

A esquerda parlamentar e os setores que se ligam a ela não têm política para tamanha crise. Quando muito, se juntam à direita contra Bolsonaro achando-se os grandes mestres da realpolitik, quando na verdade apoiam as medidas ditatoriais da direita, como no lamento que ecoou pelo fato de Bolsonaro, ao mencionar a revogação da Lei de Segurança Nacional (lei da ditadura militar que estava em vigor até esse momento), vetou, dentre outros, o dispositivo que criminaliza as chamadas fake news. Nada mais era esse dispositivo que a tentativa da direita de cercear ainda mais a liberdade de expressão. Como um dos alvos seria a extrema-direita, Bolsonaro, que tem o poder da caneta vetou ─ assim, a esquerda parlamentar, que era o outro alvo do dispositivo, no entanto, denunciou a decisão.

Os esquerdistas pequeno-burgueses vivem num mundo paralelo, dos discursos parlamentares, CPIs, votações e conchavos crendo estar travando uma grande batalha com extraordinárias conquistas. São como aquele louco que acreditava ter travado extraordinária batalha pelo elmo mais importante do mundo, quando na verdade apenas roubou um homem e vestiu um pinico dourado na cabeça.

Pobre essa esquerda brasileira, seu cretinismo parlamentar e oportunismo os levam a confundir-se a si mesmos e tornarem-se mais ingênuos que a população que supostamente teriam de esclarecer.

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