Na atual situação política, a esquerda pequeno-burguesa busca uma aliança com a direita tradicional com a ideia de que é preciso uma Frente Ampla para combater o fascismo. Conforme este ponto de vista, existiriam setores da burguesia realmente dispostos a combater o fascismo, o que tornaria necessário uma aliança.
Há correntes de esquerda que, na ânsia por justificar uma aliança com o PSDB de João Doria, dizem que a aliança com a burguesia era uma tática trotskista nos anos 1930. Nada mais distante da realidade. Nada mais avesso aos ensinamentos de Leon Trotsky.
A frente ampla com a burguesia, pelo contrário, é uma maneira de criar as condições para que o fascismo possa triunfar. Todas as vezes que os fascistas chegaram ao poder, isto se deu com o apoio da direita tradicional. Nos casos da Itália e da Alemanha, os partidos burgueses tradicionais nomearam os fascistas para formar um governo e apoiaram todas as medidas de repressão à esquerda. Na Alemanha de Adolf Hitler, os partidos burgueses votaram pela concessão de plenos poderes ao Führer no parlamento alemão (Reichstag ).
A experiência histórica comprova que a frente ampla é o caminho para a derrota dos trabalhadores e para o triunfo dos fascistas, apoiados pela burguesia. No Brasil de hoje, a aliança da esquerda com o PSDB é o caminho para a derrota diante de Jair Bolsonaro. Inclusive, há de se destacar que se a direita tradicional não conseguir emplacar seu próprio candidato, o caminho será apoiar novamente a candidatura de Bolsonaro. Também é importante lembrar que os partidos burgueses organizaram o impeachment de Dilma Rousseff (PT) apoiaram a Operação Lava Jato que prendeu o ex-presidente Lula em pleno processo eleitoral. Os partidos MDB, DEM ocuparam importantes funções ministeriais no governo federal e cargos de liderança no Congresso Nacional.
A tática da frente única é o caminho para a unidade na luta contra a ameaça fascista. A frente única é o oposto da frente ampla. A primeira consiste numa aliança prática entre as organizações operárias, movimentos populares e partidos de esquerda contra as investidas dos fascistas. É uma forma concreta de unificar todas organizações que estão ligadas à classe operária na luta contra um inimigo comum, na inviolabilidade das sedes sindicais e partidárias, contra o empastelamento dos órgãos da imprensa operária, em defesa dos dirigentes e militantes, em defesa dos postos conquistados no Estado e em defesa dos direitos democráticos dos trabalhadores.
Não se pode cometer o equívoco de se unir à direita golpista – que impulsionou os fascistas nas ruas – com o objetivo de lutar contra o fascismo. A política correta, a frente única, é a solução. A única aliança possível se dá entre as organizações e partidos, mesmo que moderados e reformistas, que estão ligados aos trabalhadores. É preciso estudar e aprender com a experiência histórica da luta de classes. Se a esquerda não aprender com o passado, estará fadada a repetir os mesmos erros e ser completamente exterminada pelos fascistas, seja os de camisas negras, pardas ou verde e amarelas.
