Os atos de 7 de setembro organizados pela esquerda ficaram muito, muito abaixo de seu potencial. E isso tem um motivo claro: a esquerda nacional decidiu não mobilizar o povo para as manifestações. Passaram semanas esperneando por causa dos atos bolsonaristas, alardeando sobre um “golpe” que estaria por vir e aterrorizando a todos que ousassem sair na rua.
Marcelo Freixo, que hoje já veste a camisa de um partido burguês, mas que até pouco tempo era um dos principais porta-vozes do PSOL, falou abertamente aquilo que seus colegas não tiveram a coragem de dizer: que a esquerda não deveria organizar atos no 7 de setembro. Se o PSOL e o PCdoB não tiveram a mesma “coragem” de ser covarde de Marcelo Freixo, também não ajudaram a derrubar o clima que a imprensa golpista instaurou. Capitularam e sabotaram os atos Brasil adentro.
Agora, esses mesmos setores que tiveram tanto medo de sair na rua no dia 7 de setembro, está revigorado para empunhar suas bandeiras no dia 12 de setembro. A diferença, no entanto, é que esse será o ato convocado pelo PSDB, e não pela esquerda. E que, sendo um ato do PSDB, a burguesia não está aterrorizando ninguém para que não saia de casa.
A esquerda que fica embaixo da cama quando Bolsonaro fala grosso e balança o rabo quando o PSDB assovia é como uma criança que tem medo de bicho papão. Basta a Folha de S.Paulo falar que Bolsonaro é mau, feio e perigoso, para que o PSOL e o PCdoB saiam correndo atrás de alguém para lhe proteger. E como qualquer criança, basta que vejam um João Doria sorridente, abrindo os braços, para que chame de “papai” e lhe abrace para que lhe proteja do bicho papão.
Os “papais” do PSOL e do PCdoB, não por acaso, são todos canalhas. São o PSDB, o STF, a Rede Globo etc. Isto é, justamente aqueles que montam a armadilha do “bicho papão” para que as crianças da esquerda caiam nela e corram para os braços da direita.
Nenhum partido sério pode ter tal política. Não é possível enfrentar o bolsonarismo se escondendo embaixo da toga de Alexandre de Moraes. É preciso mobilizar os trabalhadores para enfrentar a extrema-direita nas ruas e pôr abaixo não só o governo Bolsonaro, mas o regime político de conjunto.