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Censura, guerra e eleições

A esquerda precisa se libertar das garras da direita

A guerra na Ucrânia mostra, uma vez mais, que os elementos conscientes da esquerda precisam ter uma política independente daqueles que estão a reboque da direita.

Uma grande parcela da esquerda pequeno-burguesa adotou completamente a política do setor fundamental do imperialismo no último período. No que concerne, por exemplo, à Rússia, há quem tenha adotado abertamente a política de apoiar a OTAN, como fez o PSTU, ou de maneira velada, como faz a esquerda que defende a política do “nem Rússia, nem OTAN”.

O imperialismo de conjunto acusa a Rússia de agredir a Ucrânia. Parte da esquerda se recusa a apoiar a Rússia, um país atrasado que enfrenta nesse momento o imperialismo no terreno para o qual o imperialismo levou a luta, isto é, enfrenta a provocação da OTAN nas suas fronteiras. Se colocaram a reboque do imperialismo. Ao invés de denunciar que o imperialismo é o maior inimigo dos povos, a esquerda está assinando embaixo de sua política criminosa.

Ucrânia, Telegram e Lula: a esquerda a reboque do imperialismo

A esquerda também tem adotado as posições da Rede Globo – que apenas reflete as posições do imperialismo – em uma série de outras questões, além do conflito na Ucrânia. A posição da esquerda no que concerne à censura ao Telegram é um outro exemplo dessa capitulação da esquerda diante da política do imperialismo.

Naturalmente, essa esquerda que defende a censura do STF contra o Telegram e que defende os EUA contra a Rússia, está plenamente alinhada ao imperialismo em todas as questões fundamentais – e a questão da candidatura de Lula é uma delas.

PSOL e PCdoB, por exemplo, até agora não se pronunciaram em favor da candidatura de Lula. Se o fizerem, será em cima das eleições e já não poderá fazer muita diferença na luta por Lula presidente. Dentro do PSOL, ainda, há vários setores que se recusam a apoiar o Lula; outros partidos da esquerda pequeno-burguesa – PCB, UP e PSTU – já declararam que não apoiarão Lula e, inclusive, lançaram pré-candidatos, que terão a função de atacar Lula na campanha.

A função que esses partidos cumprirão nas eleições será a de abrir espaço para a direita, de favorecer os golpistas nas eleições.

Seria todo esse alinhamento à política do imperialismo uma coincidência?

Se fosse possível considerar que todas as vezes em que a esquerda pequeno-burguesa se alinhou ao imperialismo eram apenas coincidências, o caso da guerra entre a Rússia e a Ucrânia deixou claro que não se tratavam de coincidências ocasionais.

Diferentemente do cidadão comum, os partidos de esquerda têm como obrigação denunciar os crimes do imperialismo e se oporem a ele. Na guerra entre um país atrasado – a Rússia – contra os países imperialistas que tomaram de assalto a Ucrânia, o país atrasado precisa ser apoiado incondicionalmente. É uma análise obrigatória para qualquer pessoa de esquerda.

No entanto, não foi essa a posição que a esquerda adotou. No caso do Telegram, a esquerda defendeu a censura – realizada pelo regime político golpista – contra o Telegram, medida que tende a se voltar contra os trabalhadores.

A censura ao Telegram ou a extrema-direita serve para atacar, última instância, os trabalhadores. É com este clima de restrição aos direitos democráticos que o regime político pode tentar restringir o direito à greve, por exemplo; com a censura, a comunicação fica restrita apenas aos grande monopólios de comunicação, e a imprensa de esquerda tem tudo para ser fortemente atacada.

Apenas o fato de a esquerda pequeno-burguesa se identificar com o regime político podre que surgiu do golpe justifica este seu total alinhamento ao imperialismo. Diferentemente deste setor da esquerda, os marxistas devem defender uma política radicalmente oposta aos interesses do imperialismo. O apoio aos maiores inimigos do povo serve apenas para sufocar a esquerda e para desmobilizar os trabalhadores, portanto deve ser amplamente denunciado.

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