Desde que a operação especial russa na Ucrânia começou, a burguesia iniciou uma pesada campanha de calúnias contra os russos. A imprensa burguesa, encabeçando essa operação, começou a noticiar “fatos” que pareciam vir de outra dimensão. Sem contar na esdrúxula campanha pelo “cancelamento” dos russos e de tudo que é, ou até mesmo foi, russo.
Entretanto, outro aspecto desse boicote generalizado contra a Rússia é a perseguição sistemática de pessoas russas vivendo fora do país. Sendo favoráveis às ações de Putin ou não, russos de diversos lugares do mundo relataram verdadeiros abusos e ataques contra eles próprios. Existe um relato, inclusive, de que alguém desconhecido teria ligado para uma mãe e ameaçado colocar seu filho de 14 anos em um caixão. Uma venal caça às bruxas.
Além de casos isolados, é preciso entender a origem desse tipo de perseguição e, de maneira concreta, a Ucrânia nos oferece algumas respostas.
Em 2014, o país sofreu um golpe orquestrado e financiado pelo imperialismo que, após manifestações sangrentas, deu lugar a um governo fantoche dos EUA. Todavia, acima disso, aspecto importante desse golpe foi a formação e a fomentação de grupos nazistas que serviam como milícias paramilitares por parte do imperialismo. O resultado foi um regime sustentado diretamente por grupos fascistas que, aberta e publicamente, se colocavam favoráveis ao nazismo raiz de Stepan Bandera.
Ou seja, esse tipo de perseguição não tem um caráter simplesmente oportuno, ou aleatório. É uma campanha baseada em uma defesa ideológica do nazismo e, por isso, uma mobilização verdadeiramente fascista.
Isso se mostra ainda mais verídico quando vemos quem, aqui no Brasil, ataca a Rússia. Sem contar na imprensa burguesa, em sua absoluta maioria, outro setor que propaga essa campanha é a direita golpista, como o PSDB e o MBL. Logo, fica evidente que se trata de uma mobilização de tipo verdadeiramente fascista, pois os verdadeiros nazistas brasileiros são aqueles que orquestraram o golpe ao lado do imperialismo.
O que estaria, então, fazendo a esquerda pequeno-burguesa metida em uma campanha de tipo indiscutivelmente, factualmente fascista? É um nível de confusão política que faz com que aqueles que deveriam defender os trabalhadores, defendam o imperialismo, os fascistas. Em outras palavras, os maiores inimigos da classe operária de toda a história.
Infelizmente, no atual desenvolvimento das coisas, não é uma surpresa. Afinal, há cerca de um mês, essa mesma esquerda defendia a censura, uma violação flagrante dos princípios políticos do marxismo.
No final, toda essa esquizofrenia se resume a uma coisa: o identitarismo. É uma política do imperialismo que serve exatamente para desmobilizar a luta dos trabalhadores, sabotando as suas lideranças.
E mais, é exatamente em momentos de polarização, como o que estamos vivendo hoje em dia, que esse tipo de posicionamento é ainda mais desmascarado. Não existe um espaço para o meio termo, não agora. Ou é do lado da Rússia, em sua luta contra o imperialismo; ou é do lado do fascismo e da opressão dos trabalhadores em todo o mundo. Sem sorte, parece que os pequenos já fizeram a sua escolha.