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Abaixo a frente ampla!

A direita espanta o povo dos atos

A direita não acrescenta em nada, por isso não deve participar do movimento, ela só desmoraliza o movimento diante do povo

 

O último sábado (2) foi marcado por mais um dia de mobilização nas ruas do país em centenas de cidades, em continuidade aos atos contra Bolsonaro que já acontecem desde maio. O caráter destas mobilizações ─ tendo em vista a polarização política e os duros ataques que a classe trabalhadora vem sofrendo por parte da burguesia, desde o golpe e sobretudo desde o início da pandemia ─ tem se mostrado cada vez mais radical e aponta para uma grande revolta popular.

A radicalização do movimento inevitavelmente se volta não só contra Bolsonaro mas contra a direita de conjunto que assim como Bolsonaro massacra a população e é responsável pelos ataques aos trabalhadores, das privatizações até o desemprego e a fome; o que coloca as massas cada vez mais à esquerda. 

Diante da ameaça, a burguesia tenta barrar a revolta popular nas ruas com manobras de infiltração da direita no movimento fora Bolsonaro através da frente ampla. A operação consiste em afastar as massas das ruas, promover uma “pacificação” no movimento, através do falso discurso da unidade contra Bolsonaro, por vias institucionais como CPI, Congresso e eleições.

Finalmente a manobra se revela cada vez como uma jogada eleitoral da direita para promover os candidatos da “3ª via”, todos a serviço dos interesses da burguesia inimiga do povo; enquanto tenta vetar das mobilizações a presença e até o nome do ex-presidente Lula que está na boca de todo o povo por ser o maior líder das massas trabalhadoras.

A adesão de determinados setores da esquerda à política de frente ampla com a direita tem se dado de uma maneira rasteira em um verdadeiro golpe contra o movimento. Sem consultar as bases as direções decidiram impor a direita nos atos, e muito pior ignorando a vontade dessas bases que são contrárias a infiltração da direita e que rejeita veementemente a 3ª via porque vêm nestes elementos seus inimigos.

A grande justificativa destas direções frente amplistas – sobretudo as do PCdoB e PSOL- seria a de que é preciso ampliar o movimento para todos aqueles que se dizem antibolsonaristas porque sozinha a esquerda não teria condições de derrubar Bolsonaro.

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O que no entanto não faz o menor sentido para as mobilizações; primeiro porque a direita não tem nenhuma popularidade, não tem base popular para levar para as ruas, leva para os atos “militantes” artificiais, pagos para segurar faixa, vestir uma camisa, etc. Em segundo lugar estes elementos da direita não são aliados contra Bolsonaro ou contra qualquer coisa, são muito pelo contrário responsáveis pelas mazelas do povo, o que gera uma enorme desmoralização no movimento.

Entre os abutres da frente ampla e da 3ª via estão João Doria (PSDB), que dentre suas proezas bate em professor e joga água fria em morador de rua no inverno, Kim Kataguiri (MBL/DEM) que tentou invadir a embaixada de Cuba e é a favor das privatizações e do fim do serviço público, Tabata Amaral (PSB) que junto com Bolsonaro acabou com a aposentadoria do trabalhador, Ciro Gomes (PDT) que quer entregar a água do país para o imperialismo norte-americano, entre outros inimigos do povo.

A imposição desta frente ampla mesmo contra a vontade das bases gera o que se viu no ato do último sábado: uma enorme rejeição aos golpistas, com vaias e palavras de ordem contra a direita. A reação é natural e acertada porque expõe o quanto a política suicida das direções da esquerda estão em desacordo com a vontade popular, que deve ser ouvida e respeitada, mas é deixada de lado em favor da direita.

Por outro lado, como dito, a infiltração da direita gera além de insatisfação e desmoralização, uma grande indisposição das massas com o movimento. O resultado disto tem se revelado com a gradual diminuição dos atos. Enquanto os primeiros atos levavam entre 300 e 200 mil pessoas para as ruas em todo o país, agora tem sido difícil chegar a 50 mil manifestantes.

Em São Paulo os atos na Avenida Paulista que chegaram a levar 80 mil pessoas, no ultimo ato registrou cerca de 15 mil pessoas, uma diminuição considerável e resultante da contradição de ter a direita imposta ao movimento pela frente ampla, o que gera grande desconfiança nas bases trabalhadoras.

É evidente portanto que a manobra da direita não serve para ampliar as mobilizações para o povo, mas sim para retraí-la, enfraquecê-la, colocando de lado as reivindicações verdadeiramente populares em nome dos interesses da 3ª via golpista que tenta roubar o movimento para fins eleitorais e sem qualquer ligação com a vontade do povo. A direita não leva ninguém para a rua, pelo contrário: espanta os trabalhadores.

A conclusão é óbvia: a direita não acrescenta em nada, por isso não deve participar do movimento, ela só desmoraliza o movimento diante do povo, o que deixa claro que os interesses da frente ampla não são o de impulsionar e fortalecer as mobilizações, mas de procurar subterfúgios para salvar a direita odiada pelos trabalhadores.

Os manifestantes que estavam no ato repudiaram os elementos da direita, desde Paulinho da Força, central sindical dos patrões, Eduardo Moreira, porta voz dos bancos, até Ciro Gomes, garoto propaganda da Globo contra Lula. E deixaram claro que o movimento é pelo fora Bolsonaro, por Lula Presidente, e nada de frente ampla com os golpistas, escancarando a manobra imposta pelas direções contra a vontade popular.

É preciso denunciar a manobra e continuar travando a luta contra Bolsonaro e a direita junto com o povo, nas ruas, para que o movimento não seja retraído e a revolta popular se reverta para ter cada vez mais pessoas nas ruas impondo a vontade das massas contra os golpes dados pela direita no movimento fora Bolsonaro.

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