Desde que se deparou com os atos de rua do dia 29 de maio, que deram um demonstrativo da força da mobilização dos trabalhadores, a burguesia tenta manobrar para que a mobilização popular seja suprimida e que a população coloque de lado a luta nas ruas porque a solução contra o governo Bolsonaro viria do parlamento burguês que tenta com a CPI da Covid e o impeachment forçar um acordo com a extrema-direita Bolsonarista.
O que está colocado, no entanto, é que a saída real para a crise que atinge a classe trabalhadora sempre se deu pela organização do povo na rua, não por medidas meramente parlamentares, mesmo porque o parlamento é dominado pelos interesses da direita e não dos trabalhadores, sendo inclusive de maioria bolsonarista.
A mobilização popular é o que pode pressionar para que as medidas institucionais resultem em algo minimamente útil para o interesse das massas; já as medidas institucionais por si só, seja CPI ou impeachment não possuem a eficácia necessária e sem pressão de baixo ficam completamente desvinculadas de qualquer compromisso com os trabalhadores, servindo apenas como palco para manobras da burguesia como tem se revelado ser o intuito da atual CPI antes das mobilizações.
O que fica claro, portanto, é que a CPI do Senado burguês não terá nenhuma conclusão minimamente satisfatória sem a pressão popular na rua. Sem as ruas a burguesia conta conseguir pela CPI que Bolsonaro se dobre à direita tradicional ou que consiga projetar um possível candidato do centro para 2022 que possa disputar contra Bolsonaro e contra Lula para seguir exclusivamente as deliberações da burguesia, sem a pressões da extrema-direita que atinge Bolsonaro, ou das massas trabalhadoras a qual Lula está submetido.
Por isso o caminho a ser seguido é o da mobilização e nunca abandonar as ruas para esperar soluções institucionais que nunca virão dos organismos controlados pela direita inimiga do povo sem a pressão popular, uma vez que o povo na rua é única iniciativa capaz de intimidar a burguesia e impor a vontade dos trabalhadores.
A CPI ou qualquer iniciativa que se diga contra o governo Bolsonaro só irá dar resultados neste sentido se houver a pressão dos trabalhadores e suas organizações, o que só é possível com a mobilização seguindo a política correta para os trabalhadores contra a direita; caso contrário tudo não passará de encenações para confundir e enganar o povo enquanto busca acordos.
A esquerda que defende a CPI deve ter sempre isto em conta, o apoio a CPI e ao impeachment para se vincularem de fato a algo real não pode desconsiderar a mobilização popular e a esquerda deve impulsioná-la cada vez mais para que o movimento dos trabalhadores não seja confundido por manobras parlamentares, judiciais, etc, todas controladas pela burguesia inimiga do povo, que usa as instituições de acordo com seus interesses e contra o povo. Só a mobilização pode determinar rumos favoráveis para os interesses dos trabalhadores.
Por isso não deve ser alimentada qualquer ilusão em torno de iniciativas burguesas que se apresentam como solução para os problemas da crise que assola o país; o interesse da burguesia será salvar a si própria, sempre às custas dos trabalhadores. A pressão popular deve ser impulsionada para forçar que as reivindicações populares sejam atendidas.
As massas devem utilizar a CPI para pressionar pela derrubada de Bolsonaro e se nada acontecer devem passar por cima de todos para garantir os interesses populares.